As notificações de casos suspeitos de microcefalia subiram
de 1.761 para 2.401 no país em uma semana -- chegando a quase quatro
registros por hora. Desse total, 134 tiveram confirmação para zika, em
102 essa relação foi descartada e outros 2.165 continuam sob
investigação. Os registros foram feitos em 549 municípios, em 19 Estados
e no Distrito Federal.
Seis Estados entraram pela primeira vez na lista: São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará e Rio Grande do Sul. Além do aumento de casos, o governo já teme que as festas de fim de ano espalhem o surto de zika pelo país.
As equipes do Ministério da Saúde continuam nos Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Ceará,
que estão entre os mais atingidos pelo problema. A pior situação
continua em Pernambuco, com 874 casos em investigação, seguido por
Paraíba e Bahia, com 322 e 316 suspeitas, respectivamente.
O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do
Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, avalia que o ritmo de
registros de novos casos se reduziu ao longo das últimas duas semanas.
Para ele, essa queda no ritmo poderia ser explicada por dois motivos
distintos. Profissionais de saúde poderiam estar mais familiarizados com
o problema e, com isso, o risco de notificações incorretas diminuiria.
Outra possibilidade seria uma estabilização da epidemia. O pico de
nascimentos de bebês com problema coincidiria com os nove meses
posteriores ao auge da epidemia de zika.
O pesquisador da
Fundação Oswaldo Cruz, Rivaldo Cunha, no entanto, acha precipitado falar
em queda do ritmo de registros. "O padrão está mantido", disse. Quando a
declaração de emergência em saúde pública foi feita, o número de casos
era de 141. No boletim seguinte, o número havia saltado para 520 (268%).
No terceiro informe, os casos chegavam a 739 (42%). Depois passaram
para 1.248 (68%) e para 1.761. "O último aumento foi muito
significativo."
Fim de ano
De acordo com o
diretor, há transmissão sustentada atualmente em vários Estados,
sobretudo no Nordeste. Maierovitch admite que, com as festas de fim de
ano, aumenta o risco de a doença se espalhar por todo o país.
"Qualquer movimentação acelera o risco. Esse é um temor. Daí a
necessidade de o viajante adotar os cuidados necessários para evitar a
infecção." A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deverá
incluir recomendações de prevenção para os viajantes em sua página na
internet.
Ele fez um apelo para que pessoas, antes de deixar
suas casas durante o período de férias, façam uma proteção de locais que
tenham potencial de se transformar em criadouros do mosquito Aedes aegypti,
vetor da dengue, da zika e da chikungunya. "Estamos lidando com uma das
maiores epidemias com registro no país", disse o ministro da Saúde,
Marcelo Castro.
Repelente
O zika vírus é
transmitido pela picada do Aedes contaminado. Nesta quarta-feira (16),
uma reunião será realizada com representantes de produtores de
repelentes, integrantes do Ministério da Saúde e da Anvisa para discutir
a possibilidade de compra de produto para distribuição para gestantes.
"Há uma série de coisas que precisam ser avaliadas. Entre elas, a
capacidade da indústria para fornecimento de produtos, prazos, preços",
disse Maierovitch.
O diretor ressaltou que a distribuição de
repelentes é medida adicional. "O repelente é um quebra-galho", definiu.
"O principal é o combate ao vetor."
Entrada nas casas
O ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, afirmou que o grupo
deverá encaminhar nesta semana à Advocacia-Geral da União (AGU) uma
consulta sobre quais procedimentos União, Estados e municípios devem
adotar caso uma pessoa se recuse a abrir a residência para visitas de
agentes de controles de endemia ou se houver prédios ou casas fechadas
sem nenhuma possibilidade de acesso das equipes de combate ao mosquito.
Occhi afirmou ainda que o grupo já decidiu que larvicida será
adicionado à água entregue à população no semiárido. (As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo)
Fonte: UOL
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