Do G1 Sorocaba e Jundiaí
Mensagem de celular revoltou estudantes da PUC em Sorocaba (Foto: Reprodução / Facebook)
A Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Sorocaba (SP) investiga uma
denúncia protocolada por um coletivo feminista de estudantes sobre uma
suposta apologia ao estupro em uma festa universitária no começo deste
mês.
Imagens divulgadas nesta semana em uma rede social por integrantes do
coletivo “Não me Kahlo PUC - Sorocaba” mostram a troca de mensagens em
um aplicativo de celular entre 37 veteranos do curso de medicina.
A conversa, segundo as representantes do grupo, incentivaria estupros e
agressões contra calouras da universidade em um evento denominado
“Jantar dos Padrinhos”. O G1 procurou o estudante apontado como autor das mensagens, mas ele não foi localizado para comentar o caso.
Em nota, a universidade afirmou que tomou conhecimento das mensagens
com “expressões vulgares e uma referência a estupro” e que a Faculdade
de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC Sorocaba vai apurar o caso.
A reitoria também afirma que vai anexar todo o material divulgado sobre
a festa à Comissão Sindicante já em curso na universidade para apurar
casos de violência relatados na CPI Violações dos Direitos Humanos nas
Faculdades Paulistas, da Assembleia Legislativa de São Paulo. “A PUC-SP
reitera, novamente, o absoluto repúdio a todo ato de violência,
preconceito ou submissão”, conclui a nota.
As mensagens foram trocadas enquanto estudantes planejavam a realização
da festa temática. Os veteranos discutiam uma indicação para que o tema
do evento fosse inspirado no romance erótico “50 Tons de Cinza”, da
autora inglesa Erika Leonard James, quando um dos estudantes sugere que
elas sejam abusadas sexualmente. “Amarra essas ‘puta’ e estupra” (SIC), escreve o universitário, que não será identificado na reportagem.
"Cardápio"
O comentário causou revolta em grupo de estudantes, que protocolou a denúncia na reitoria. Em entrevista ao G1, representantes do coletivo feminista afirmam que a mensagem representa uma incitação para o crime de estupro.
O comentário causou revolta em grupo de estudantes, que protocolou a denúncia na reitoria. Em entrevista ao G1, representantes do coletivo feminista afirmam que a mensagem representa uma incitação para o crime de estupro.
Segundo elas, que preferem não se identificar por medo de represálias, a
conversa foi tratada como brincadeira por outros universitários. “Não
tem contexto nenhum para justificar um estupro, muito menos uma piada.
Isto não é aceitável. Ela diminui e menospreza o sofrimento da mulher,
tornando-a ainda mais vulnerável. Não podemos nos omitir e tratar essa
manifestação do machismo como uma brincadeira inofensiva”, afirma.
Para elas, o assunto precisa ser mais debatido dentro da universidade.
“Nós precisamos conversar mais sobre este assunto. Esse tipo de
comentário e tratamento às calouras é comum. Achar que elas são um
"cardápio", em que eles escolhem quem vão pegar. Não podemos brincar com
uma situação tão séria.”
O G1 procurou o estudante responsável pela declaração e
integrantes da organização do “Jantar dos Padrinhos”, mas até a
publicação desta reportagem ninguém foi encontrado para comentar o caso.
O universitário, inclusive, excluiu o perfil em uma rede social após o
caso ganhar repercussão na internet com as publicações de coletivos
feministas.
Fonte: G1
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