quarta-feira, 22 de julho de 2015

Sindicato denuncia assédio moral contra motoristas dos ônibus coletivos


Ocimar Transporte Inteligente é a empresa responsável pelos novos ônibus que estão operando na cidade – Foto Alcivan Costa
Ocimar Transporte Inteligente é a empresa responsável pelos novos ônibus que estão operando na cidade – Foto Alcivan Costa
O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Mossoró (SINTROM) denuncia assédio moral contra os motoristas por parte da empresa Ocimar Transporte Inteligente, que começou a trabalhar na cidade desde o dia 1º deste mês.

Além disso, o sindicato afirma que os ônibus da empresa têm problemas de funcionamento e que os motoristas estão sendo acusados pela empresa de não saberem operar os veículos por serem automáticos. Um dos motoristas foi demitido, mas antes teria sofrido assédio moral por parte da direção da empresa. Eles também não tiveram as carteiras de trabalho assinadas e estão trabalhando mais do que o devido.
O presidente do sindicato, Francisco de Assis de Medeiros, falou que a prefeitura chegou a divulgar que os veículos seriam dos anos 2013 e 2014, mas alguns são de 2009. “Não sei se são todos”, destacou.
Francisco ressalta que os veículos que vieram para Mossoró são sucatas de outra empresa que atua no Rio de Janeiro. Os veículos são da marca Volkswagen, modelo V-Tronic Transmissão Automática. E que os coletivos já eram bastante criticados por motoristas de lá por causa do mau funcionamento.
O presidente disse que os motoristas estão sendo acusados de não saberem dirigir os veículos, mas que o problema, na verdade, seria dos ônibus que, além de serem velhos, não receberam manutenção necessária. “Tem ônibus que passou um ano parado”, ressalta.
O sindicato afirma ainda que muitos motoristas que estão na nova empresa já trabalhavam na Sideral e Cidade do Sol. Nessas duas, os veículos não eram automáticos, e por isso, exigiam muito mais conhecimento do motorista, sendo injusto dizer que os profissionais não sabem operar os equipamentos na nova frota.
Veículos quebrados
O sindicato diz ainda que tem recebido vídeos de ônibus que quebram em vários pontos da cidade e que em todos eles o problema é mecânico, inclusive já soube de caso em que faltou combustível.
Um dos fatos mais conhecidos na cidade, que tem sido compartilhado nas redes sociais, é do caso de um ônibus que quebrou no bairro Abolição V. O vídeo mostra a população empurrando o ônibus em meio a uma chuva.
O motorista que dirigia o ônibus foi despedido pela empresa no mesmo dia. O profissional, que prefere não ser identificado, conta que o ônibus apresentou problema logo que chegou à parada de ônibus. “Liguei para a empresa e passei os passageiros para o outro ônibus que vinha”, fala.
O profissional fala que enquanto aguardava a chegada do mecânico da empresa, os moradores resolveram empurrar por conta própria o ônibus para abrir passagem para outros carros. Isso foi gravado e caiu nas redes sociais como se o motorista tivesse pedido para os passageiros empurrarem o veículo.
A empresa demitiu o trabalhador, mas o sindicato soube que o mesmo ônibus quebrou novamente à noite, na mesma rota, com outro motorista.
“Esse não foi o único caso. Teve o outro que deu o prego no Centro e também foi pro braço. São vários vídeos que a gente recebe”, ressalta Francisco de Assis. Outro caso foi de um ônibus que quebrou próximo a Cobal pela manhã e só foi consertado à noite.
Direitos
Ainda de acordo com o sindicato dos rodoviários, além de sofrerem assédio moral, os motoristas são chamados de “burro” por funcionários da empresa, eles ainda estão sem os direitos trabalhistas garantidos.
Francisco de Assis Medeiros, presidente do sindicato, fala sobre os problemas com a atual empresa de transporte público – Foto Wilson Moreno
Francisco de Assis Medeiros, presidente do sindicato, fala sobre os problemas com a atual empresa de transporte público – Foto Wilson Moreno
O sindicato revela que os profissionais estão trabalhando sem carteira assinada, sem fardamento e a carga horária é maior do que deveria ser. “Passa das 7 horas e 20 minutos. Tem motorista que pega às 5h e larga às 15h”, fala Francisco de Assis.
Nesta segunda-feira, o sindicato e os profissionais levaram essas reclamações ao Ministério Público do Trabalho.
O sindicato teme que a atual empresa faça a mesma coisa da empresa Sideral, que foi embora e não pagou os direitos trabalhistas. “Eles (funcionários) ficaram sem fundo de garantia. Tem empregado que trabalhou 13, 15 anos, outros 6 meses e nenhum recebeu o FGTS. Um deles teve a luz cortada e a gente teve que fazer ‘vaquinha’ pra ajudar. Porque eles não receberam nem o salário do mês. O medo do sindicato é que aconteça a mesma coisa com essa empresa. Porque eles disseram que são vão assinar a carteira em setembro”, afirma.
O presidente do sindicato ressalta ainda que as irregularidades afetam a convenção coletiva da categoria.
Sem versão
A reportagem da GAZETA DO OESTE procurou a direção da empresa Ocimar Transporte Inteligente para ouvir o outro lado, indo até a garagem da empresa, mas no local informaram que não havia ninguém da gerência e que os dois gerentes estariam viajando.

Fonte: Gazeta do Oeste 

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