Apesar do problema enfrentado no laboratório,
a cozinheira é enfática ao dizer que não pretende trocar de nome
É um descaso e eu fiquei indignada. Não pude
fazer os exames ginecológicos, porque dizem que tenho nome de homem”, fala
Ivaney Lopes Cardoso, moradora de Montes Claros (MG). A mulher de 46 anos, que
tem plano de saúde da Unimed, foi até um laboratório conveniado com um pedido
para a realização de procedimentos que mostram os níveis de hormônio, e poderão
confirmar também a suspeita de gravidez. Mas ela não conseguiu fazer nenhum
deles.
“Pago o plano de saúde e quando preciso não
consigo usar, fiquei 15 horas sem comer e não fiz os meus exames por causa de
uma justificativa absurda, tenho a carteirinha, mostrei a identidade, mesmo
assim continuaram dizendo que meu nome é masculino”, desabafa a cozinheira, que
registrou um boletim de ocorrência e pretende acionar a Justiça.
Ivaney questiona a justificativa de “ter nome
de homem”, já que ela fez exames de sangue no laboratório em fevereiro deste
ano, utilizando os mesmos documentos.
Escolha do nome
“Quando eu estava grávida, pensei que se
fosse menina, ia chamar Maria, nome da minha sogra que não conheci, porque
quando casei ela já tinha falecido. Mas eu vi uma menininha chamada Ivanirde,
achei muito bonito, porém não queria colocar o mesmo nome, por isto escolhi
Ivaney e achei lindo”, conta Alice Lopes Cardoso, de 85 anos, mãe de Ivaney.
Antes de Ivaney nascer, os pais dela tinham
oito filhos. “Eu sonhava em ter uma filha, mas nunca ia imaginar que esta
confusão poderia acontecer por causa do nome dela”, diz a aposentada.
Apesar do problema enfrentado no laboratório,
a cozinheira é enfática ao dizer que não pretende trocar de nome, o que é
permitido por Lei. “A minha mãe escolheu Ivaney com todo amor, ela acha lindo e
eu também, não vou mudar de nome. Era o sonho dela e do meu pai de ter uma
filha, quando eu nasci teve até foguete.”Ivaneis e Ivaneys em Montes Claros
Em Montes Claros, há 14 pessoas registradas
como Ivaney e Ivanei, apenas uma delas é mulher. Cláudio Teixeira chefe do
Cartório de Registro Civil explica que alguns nomes geram confusão e cita
Sidnei e Deusdete como alguns deles.
Cláudio também afirma que são pedidos por
ano, dois ou no máximo três pedidos por troca de nome por causa de casos como
de Ivaney.
“É algo simples de fazer, falta um pouco de
conhecimento por parte das pessoas, não precisa de ter nem advogado, basta ir
ao fórum e ingressar com um pedido de mudança, alegando que o nome está
causando constrangimento”, explica o chefe de cartório.
O que diz o
laboratório
A médica responsável pelo laboratório, onde
Ivaney tentou fazer o exame, explica que a Unimed não autorizou a realização do
procedimento.
“Todo exame que é realizado através de plano
de saúde precisa de uma autorização. No caso desta paciente, foi pedido e
negada esta autorização pelo sistema. Todas as vezes orientamos para que
procurem pelo convênio de origem para
saber o que ocorreu, algumas vezes
conseguimos resolver no laboratório. No caso dela, a justificativa dada foi
porque o cadastro está como masculino e os exames que ela veio fazer são para
dosar hormônios femininos”, fala Christine Mendes.
O que diz a Unimed
Em nota, a Unimed afirmou que o cadastro de
Ivaney foi corrigido e que ela já pode fazer os exames ginecológicos.
Fonte: G1 via O Mural de Riacho da Cruz
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