segunda-feira, 4 de maio de 2015

Sem ônibus, universitários de Apodi veem possibilidade de trancar curso

Foto: Josemário Alves

Josemário Alves

“Se o problema dos transportes não for resolvido logo, infelizmente não tem como concluir o curso”. A afirmação é do estudante do 3º período de Geografia da UERN, Yam Silva, sobre a problemática dos transportes universitários na cidade de Apodi.


O drama é vivenciado diariamente por centenas de estudantes. Sem perspectivas de resolução, os universitários precisam desembolsar mensalmente cerca de R$ 200 para contratação de veículos particulares. Um valor que muitos não têm.

A situação é ainda mais grave para as famílias mais carentes. O estudante da UERN Edson Andrade, de 17 anos, contou ao MOSSORÓ HOJE que ele, uma irmã, o pai e a mãe sobrevivem do programa Bolsa Família, e que, se deslocar até a universidade em Mossoró, está cada vez mais difícil.

“Ultimamente é minha mãe que tem me dado dinheiro para ficar indo para a faculdade. Ela é beneficente do Bolsa Família. Nem ela, nem meu pai, tem emprego fixo”, contou Edson.

A problemática dos transportes se arrasta desde outubro de 2014. As consequências foram reprovações e trancamento de matrículas por parte dos estudantes.

Yam Silva excedeu o número de faltas permitido e reprovou uma das disciplinas. Ele atribui à falta de ônibus.

“Reprovei uma disciplina com 24 faltas. Diante disso, tive que me mudar pra Mossoró até concluir o semestre. Hoje, para não reprovar, estou pagando R$ 10 por dia para ir para a UERN. Pesa muito no orçamento da família”, relatou Yam.

O estudante contou ainda que para comprar apostilas precisa pedir dinheiro emprestado.

“Às vezes compro apostilas, as vezes não. Quando preciso, tomo dinheiro emprestado com amigos. Meus avós e tios também me ajudam”, declarou.

Resolução

Visando resolver o problema, a Prefeitura Municipal de Apodi abriu, pela segunda vez seguida no dia 24 de abril, o processo licitatório de contratação de uma empresa para prestar o serviço de transporte universitário, mas sem sucesso.

“Foi realizada a licitação, mas o valor da empresa que saiu vencedora, que cobraria cerca de R$ 700 mil pelo serviço, ficou acima do valor da pesquisa mercadológica que seria cerca de R$ 518 mil”, contou o chefe de gabinete, Pedro Filho.

Ele disse ainda que uma terceira chamada será publicada em breve. Caso seja fracassada, a prefeitura contratará uma empresa especializada para prestar o serviço.

Sobre a quantidade de veículos, Pedro Filho relata que o edital não especifica.

A problemática

A problemática dos transportes universitários teve início no final de outubro de 2014, quando os estudantes denunciaram os veículos irregulares e superlotados à Polícia Rodoviária Federal.

Na época, a PRF multou os motoristas diversas vezes, fazendo com que os mesmos deixassem de prestar o serviço de transporte à prefeitura.

Após 21 dias sem poderem se deslocar até as instituições de ensino na cidade de Mossoró, os universitários decidiram contratar, por conta própria, os mesmos veículos que denunciaram.

Muitos dos estudantes optaram por residir, temporariamente, em Mossoró.

Concluído o semestre, o prefeito de Apodi Flaviano Monteiro tentou, através da criação de um programa de bolsas, resolver a problemática em evidência, mas o projeto do gestor foi reprovado pela Câmara Municipal.

Segundo a entidade que representa os estudantes técnicos e universitários do município, AENTS, o programa proposto não contemplava toda a classe, além de não garantir, por completo, o transporte daqueles que seriam beneficiados.

O projeto

O transporte gratuito de estudantes técnicos e universitários de Apodi até as cidades de Mossoró e Caraúbas teve início no ano de 2013, com a posse do então prefeito eleito, Flaviano Monteiro.

Denominado de Transformação, o projeto foi uma promessa de campanha que beneficiou centenas de estudantes durante a sua existência.

O Transformação pregava a gratuidade para todos, mas começou a fracassar no início de 2014, com grande quantidade de jovens que ingressara no ensino médio técnico e superior.

A prefeitura alegou não ter recursos para disponibilizar veículos em número suficiente aos estudantes, e os universitários decidiram por contratar veículos extras.

Em fevereiro de 2015, durante discussão sobre as possíveis formas de resolver a problemática, o líder do prefeito na Câmara, o vereador Genivan Varela (PC do B) declarou que o Transformação foi um erro.

“O Transformação acabou! Foi um erro, o projeto foi errado!”, disse Genivan em audiência pública.

Nos primeiros meses de funcionamento, o programa Transformação foi tido como referência para o Estado.

Em uma audiência pública realizada em Assu, o prefeito de Apodi foi convidado a participar para falar sobre o programa que beneficia cerca de 600 estudantes universitários a um custo 40 mil reais mensais.

Durante o evento, a iniciativa foi aplaudida por todos que lá se encontrava.


(Foto: Assesoria da Prefeitura de Apodi)

Fonte: Mossoró Hoje 

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