A
vida, assim como o ditado popular, mostra que cada um é fruto de suas
escolhas. Apesar do pensamento clichê, exemplos convencem de sua
verdade. Foi assim com o professor e em breve, servidor público do
Estado, Agleilson de Souza Brasil, de 30 anos. Nesta quinta-feira (28),
Agleilson assinou termo de posse de servidor público do Estado. "Termo
de posse assinado, enfim, servidor público e outras vitórias virão",
afirmou em sua rede social.
Mossoroense morador do Pirrichil, área periférica da cidade, Agleilson trabalhou como flanelinha, viu amigos morrerem e serem presos por envolvimento com crimes, mas com o incentivo da família e amigos e muita determinação se formou no ensino superior e hoje dá aulas de matemática. Recentemente, foi aprovado em concurso público do Estado. Agleilson não virou estatística.
Desde pequeno, o mossoroense morava com os pais e avós. Aos 5 anos viu os pais se separarem e foi morar com a avó Dona Francisca, que sustentava a casa trabalhando como lavandeira. O avô descarregava caçambas de areia. Aos 11 anos voltou a morar com a mãe. Desde então, começou a trabalhar como flanelinha para ajudar em casa.
Mesmo empenhado em ganhar um trocado na rua cuidando dos carros, Agleilson não deixou os estudos de lado. Sempre presente em sala de aula, terminou o ensino médio na Escola Estadual Manoel João.
Com 15 anos, Agleilson conseguiu um emprego de serviços gerais em um abatedouro de frango. Trabalhava durante manhã e tarde e à noite ia para a escola. Passou dois anos trabalhando no abatedouro. Terminou o ensino médio e não encontrou mais nenhuma oportunidade de emprego, tendo que voltar a vida de flanelinha. Foi então que aconteceu a reviravolta na vida de Agleilson.
Em 2005, o dono de uma empresa de lubrificantes convidou o jovem para trabalhar com ele. “Ele me conhecia da rua, e como flanelinha era difícil pensar em alguma coisa para o futuro”, afirma. Agleilson já vivia bem melhor, quando em 2009, uma colega do trabalho lhe incentivou a fazer vestibular.
Por ter afinidade com os números, optou pelo curso de Matemática. “Ela praticamente me obrigou, mas quando fiz a inscrição comecei a estudar. A inscrição era R$ 50, ela também me ajudou a pagar”, conta.
Com o dinheiro que ganhava na empresa, Agleilson ajudava em casa e pagava um curso pré-vestibular. No dia da prova, estava tranquilo e confiante no resultado de seus esforços. Com o resultado, veio o reconhecimento: Agleilson foi aprovado no vestibular da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
“Os meus amigos mais próximos até mangaram de mim, não acreditaram. Mas, no dia que eu passei, vi eles dois e perguntei ‘e agora?, com a cabeça raspada e tudo, acreditam agora?’ Acredito que aquilo para mim foi um incentivo”, relata.
Trabalhando e estudando, o então universitário teve que fazer uma escolha. Deixou o trabalho e decidiu se dedicar totalmente a faculdade. Chegou a passar dias inteiros na UERN estudando, às vezes sem dinheiro para lanche ou para fazer as xerox solicitadas pelos professores.
“Quando eu fiz essa escolha, o fundamental foi ter o apoio da minha família. Foi pensado antes, foi conversado. E eu precisava terminar meu curso. Eu tinha um consórcio de uma moto, tive que vender, e junto com o dinheiro de tempo de serviço deu para levar por um período. Mas esse dinheiro acabou e teve um tempo que foi difícil, foi mesmo na raça, nunca pensei em desistir, aquela era a oportunidade, qualquer que fosse a dificuldade, eu tinha que continuar”, conta.
Determinado e de origem humilde, Agleilson deixou um pouco a timidez de lado durante a entrevista e falou abertamente sobre preconceitos sofridos e o que ele pensa sobre ter saído da periferia para conquistar seus sonhos. Objetivo ele responde:
“Sempre convivi com aquilo, mas nunca tive vontade de me envolver com aquelas coisas [armas, drogas, morte]. Não era algo que eu tinha como exemplo. Isso nunca me atraiu. Mas, tive muitos amigos envolvidos. Nós íamos jogar bola, muitos dos meus colegas daquele tempo estão mortos ou presos, aí sempre penso, o que eles ganharam com isso?”, questiona.
Diante das dificuldades, o estudante contou com a ajuda da família e amigos que fez ao longo do curso. “Tinha dia que não tinha dinheiro para tirar uma xerox e eu não tinha coragem de chegar em casa e pedir. Chega um tempo (idade) que ninguém tem obrigação de dá nada a você, mas teve muitos colegas que me ajudavam”, revela Agleilson.
Por conta das dificuldades, tentou adiantar o curso o máximo que pudesse. Chegou a pagar 9 disciplinas por semestre na UERN. Todo o esforço foi recompensado no final da graduação na colação de grau em 2014. “Na hora que você recebe o diploma passa um filme na sua cabeça. Lembro todas as dificuldades que passei. Não posso lembrar só de coisas ruins, lembro das coisas boas, das amizades, do conhecimento”, comenta visivelmente emocionado.
Com o diploma em mãos, Agleilson começou a ministrar aulas de reforço, o que faz até hoje. Mas, a alegria foi maior ao receber a notícia de que foi aprovado no concurso público para professor do Estado. O resultado saiu em março deste ano. Agleilson alcançou a 14ª colocação e até o dia 30 de abril irá entregar a documentação para prosseguimento da etapa de nomeação.
Feliz, ele destaca que hoje se sente um vencedor e deve a sua vitória ao apoio da família e amigos. “Já teve gente que disse que nasci predestinado a isso. [Agradeço] ao apoio da minha família e amigos, se não fosse por eles nem vestibular eu tinha feito. E ao meu esforço e determinação. Além dos colegas que eu consegui na faculdade, o pessoal que eu conheci da UFRN de Natal, me deram muita força. Minha família hoje está muito orgulhosa de mim”, diz.
O plano agora é estudar ainda mais. Rumo à pós-graduação. A reportagem foi encerrada com a inspiração da história de vida e superação apresentada. Ao final, uma lição: “É uma escolha que a gente faz, se você faz uma escolha certa você colhe bons frutos”, afirma Agleilson de Souza Brasil, de 30 anos, mossoroense, ex-flanelinha, professor de matemática e servidor público do Estado.
Fonte: Mossoró Hoje
Mossoroense morador do Pirrichil, área periférica da cidade, Agleilson trabalhou como flanelinha, viu amigos morrerem e serem presos por envolvimento com crimes, mas com o incentivo da família e amigos e muita determinação se formou no ensino superior e hoje dá aulas de matemática. Recentemente, foi aprovado em concurso público do Estado. Agleilson não virou estatística.
Desde pequeno, o mossoroense morava com os pais e avós. Aos 5 anos viu os pais se separarem e foi morar com a avó Dona Francisca, que sustentava a casa trabalhando como lavandeira. O avô descarregava caçambas de areia. Aos 11 anos voltou a morar com a mãe. Desde então, começou a trabalhar como flanelinha para ajudar em casa.
Mesmo empenhado em ganhar um trocado na rua cuidando dos carros, Agleilson não deixou os estudos de lado. Sempre presente em sala de aula, terminou o ensino médio na Escola Estadual Manoel João.
Com 15 anos, Agleilson conseguiu um emprego de serviços gerais em um abatedouro de frango. Trabalhava durante manhã e tarde e à noite ia para a escola. Passou dois anos trabalhando no abatedouro. Terminou o ensino médio e não encontrou mais nenhuma oportunidade de emprego, tendo que voltar a vida de flanelinha. Foi então que aconteceu a reviravolta na vida de Agleilson.
Em 2005, o dono de uma empresa de lubrificantes convidou o jovem para trabalhar com ele. “Ele me conhecia da rua, e como flanelinha era difícil pensar em alguma coisa para o futuro”, afirma. Agleilson já vivia bem melhor, quando em 2009, uma colega do trabalho lhe incentivou a fazer vestibular.
Por ter afinidade com os números, optou pelo curso de Matemática. “Ela praticamente me obrigou, mas quando fiz a inscrição comecei a estudar. A inscrição era R$ 50, ela também me ajudou a pagar”, conta.
Com o dinheiro que ganhava na empresa, Agleilson ajudava em casa e pagava um curso pré-vestibular. No dia da prova, estava tranquilo e confiante no resultado de seus esforços. Com o resultado, veio o reconhecimento: Agleilson foi aprovado no vestibular da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
“Os meus amigos mais próximos até mangaram de mim, não acreditaram. Mas, no dia que eu passei, vi eles dois e perguntei ‘e agora?, com a cabeça raspada e tudo, acreditam agora?’ Acredito que aquilo para mim foi um incentivo”, relata.
Trabalhando e estudando, o então universitário teve que fazer uma escolha. Deixou o trabalho e decidiu se dedicar totalmente a faculdade. Chegou a passar dias inteiros na UERN estudando, às vezes sem dinheiro para lanche ou para fazer as xerox solicitadas pelos professores.
“Quando eu fiz essa escolha, o fundamental foi ter o apoio da minha família. Foi pensado antes, foi conversado. E eu precisava terminar meu curso. Eu tinha um consórcio de uma moto, tive que vender, e junto com o dinheiro de tempo de serviço deu para levar por um período. Mas esse dinheiro acabou e teve um tempo que foi difícil, foi mesmo na raça, nunca pensei em desistir, aquela era a oportunidade, qualquer que fosse a dificuldade, eu tinha que continuar”, conta.
Determinado e de origem humilde, Agleilson deixou um pouco a timidez de lado durante a entrevista e falou abertamente sobre preconceitos sofridos e o que ele pensa sobre ter saído da periferia para conquistar seus sonhos. Objetivo ele responde:
“Sempre convivi com aquilo, mas nunca tive vontade de me envolver com aquelas coisas [armas, drogas, morte]. Não era algo que eu tinha como exemplo. Isso nunca me atraiu. Mas, tive muitos amigos envolvidos. Nós íamos jogar bola, muitos dos meus colegas daquele tempo estão mortos ou presos, aí sempre penso, o que eles ganharam com isso?”, questiona.
Diante das dificuldades, o estudante contou com a ajuda da família e amigos que fez ao longo do curso. “Tinha dia que não tinha dinheiro para tirar uma xerox e eu não tinha coragem de chegar em casa e pedir. Chega um tempo (idade) que ninguém tem obrigação de dá nada a você, mas teve muitos colegas que me ajudavam”, revela Agleilson.
Por conta das dificuldades, tentou adiantar o curso o máximo que pudesse. Chegou a pagar 9 disciplinas por semestre na UERN. Todo o esforço foi recompensado no final da graduação na colação de grau em 2014. “Na hora que você recebe o diploma passa um filme na sua cabeça. Lembro todas as dificuldades que passei. Não posso lembrar só de coisas ruins, lembro das coisas boas, das amizades, do conhecimento”, comenta visivelmente emocionado.
Com o diploma em mãos, Agleilson começou a ministrar aulas de reforço, o que faz até hoje. Mas, a alegria foi maior ao receber a notícia de que foi aprovado no concurso público para professor do Estado. O resultado saiu em março deste ano. Agleilson alcançou a 14ª colocação e até o dia 30 de abril irá entregar a documentação para prosseguimento da etapa de nomeação.
Feliz, ele destaca que hoje se sente um vencedor e deve a sua vitória ao apoio da família e amigos. “Já teve gente que disse que nasci predestinado a isso. [Agradeço] ao apoio da minha família e amigos, se não fosse por eles nem vestibular eu tinha feito. E ao meu esforço e determinação. Além dos colegas que eu consegui na faculdade, o pessoal que eu conheci da UFRN de Natal, me deram muita força. Minha família hoje está muito orgulhosa de mim”, diz.
O plano agora é estudar ainda mais. Rumo à pós-graduação. A reportagem foi encerrada com a inspiração da história de vida e superação apresentada. Ao final, uma lição: “É uma escolha que a gente faz, se você faz uma escolha certa você colhe bons frutos”, afirma Agleilson de Souza Brasil, de 30 anos, mossoroense, ex-flanelinha, professor de matemática e servidor público do Estado.
Fonte: Mossoró Hoje
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