Mitos e verdades sobre aftas
O
melhor para curar a afta é não mexer nela. Com nada! VERDADE: Quer
fazer com que a afta cure no melhor tempo possível, sem mais ardores e
sem complicação? Então deixa ela lá no lugarzinho onde apareceu e não
mexa mais! "O melhor tratamento para a afta é deixá-la fazer o período
de evolução. Afta não tem causa específica, por isso não tem tratamento
específico. Não tem de ficar fuçando", afirma o cirurgião-dentista
Arthur Cerri. O médico lembra que ela tem um período certo de evolução,
que é de uma a duas semanas, com ao menos quatro dias de ardor. E
recomenda tomar cuidado com a alimentação. "Condimento dói, tempero dói,
sal dói, pimenta dói. Na afta há nervos expostos. Tenha um pouquinho de
paciência que ela vai desaparecer" Arte UOL
De repente, um pontinho pequeno dói na boca. Aí você se lembra do
abacaxi que comeu na sobremesa, da chegada da menstruação ou do estresse
que passou recentemente. É afta. Hora de se preparar para aguentar
alguns dias de incômodo para comer, beber e até falar. Se servir de
consolo, saiba que você não é o único a sofrer assim. Segundo
especialistas, uma em cinco pessoas tem afta.
Difícil é saber como tratar. Talvez poucos fenômenos do nosso organismo
gerem tantas dúvidas como a afta e, ao mesmo tempo, tantas receitas
"milagrosas".
"Pode virar um tumor?", há quem se pergunte. "Você deve estar com pouca
vitamina", palpita alguém. "Olha, para sarar, tem uma pomadinha tiro e
queda."
Qual bochecha com afta que nunca recebeu esses conselhos? Ou aquele
recorrente: "Coloca bicarbonato de sódio em cima dela e aguenta a dor!".
O que talvez as pessoas não percebam é que a afta, na verdade, é algo
simples, sem mistério e previsível. A começar pela identificação do
problema: "A pessoa faz o diagnóstico sozinha. Ela abre a boca e diz:
'Estou com afta'", afirma o cirurgião-dentista Arthur Cerri, assessor
científico da Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas.
E o tempo para sarar é quase "matemático". "Dura de 10 a 14 dias, com pelo menos quatro dias de dor", completa o médico.
Não há nada de grave nas aftas, são apenas lesões esbranquiçadas e às
vezes amareladas, de 2,3 mm a 8 mm, sem pus, bactérias ou outros sinais
de infecção.
Mas não é à toa que reclamamos. Segundo Marta Silvestre,
cirurgiã-dentista do Instituto Israelita de Responsabilidade Social
Albert Einstein, as aftas doem muito nos primeiros dias, quando há
"ulceração da membrana que cobre um tecido, com aumento de
vascularização". As fibras nervosas expostas, por isso o ardor.
Ou seja, não existe afta indolor.
O que não é consenso entre especialistas é a causa. "Envolve causas
hormonais, causas ácidas, causas bacterianas, hereditárias e por aí vai.
Todas aceitas e válidas", diz Arthur Cerri.
Se você tiver propensão ao aparecimento de afta, é importante evitar a acidez, que ataca a mucosa e causa lesões na boca.
Depois das refeições e quando comemos frutas cítricas, a saliva, que é
quase neutra, fica mais ácida. Por isso a dica é não esquecer de escovar
os dentes.
O própolis, que tem efeito cicatrizante, e o bicarbonato de sódio, que
reduz a acidez da boca, podem ajudar, mas é preciso cuidado para não
piorar o estado de uma lesão. O recomendável é fazer bochecho.
Pomadas podem aliviar a dor, mas seu uso não é totalmente eficaz. A
boca, por ser úmida, dissolve qualquer coisa que se coloque nela.
E nem pense em queimar ou colocar cinza de cigarro. Essas recomendações
são mitos que podem, isso sim, causar um mal maior, como uma grande
infecção.
Além disso, uma dieta balanceada é importante para manter a boa saúde
do organismo e prevenir ulcerações. Quando a afta aparecer, o melhor a
fazer é evitar condimentos e temperos, que doem quando entram em contato
com ferida.
E, de resto, não mexer e esperar. "Deixa a afta lá. Tenha paciência um pouquinho que ela vai desaparecer", dizem os médicos.
Remédios, só para casos graves
Se uma afta incomoda, imagine várias ou uma após a outra.
Há pessoas que sofrem de forma aguda. "Elas têm surtos, não conseguem
nem beber água porque dói", conta o cirurgião-dentista Arthur Cerri.
Nestes caso, cabe um anestésico.
Segundo o especialista, o uso de qualquer medicamento deve ser feito
com prescrição médica. "Eles interferem na macrobiótica da boca, por
isso é preciso de orientação."
Em casos graves, há remédios sistêmicos, que atuam no estômago e
intestino, por exemplo. Ou pomadas para serem aplicadas diretamente na
mucosa, como as de corticosteroide.
"Pode ser utilizado também bochechos com elixir de dexametasona. Em
áreas de difícil acesso, como nos pilares tonsilares [área próxima à
garganta], o spray de dipropionato de beclometasona", explica a
cirurgiã-dentista Marta Silvestre.
Quanto ao tratamento com uso de vitamina B, para suprir possível
carência no organismo, não há pesquisas quem comprovem sua eficácia.
Vale lembrar que, por não ter uma causa específica, o problema não conta com um tratamento específico.
Fonte: Portal UOL
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