Professora de município baiano teria fornecido dados antes da aplicação do exame
A Polícia Federal divulgou na madrugada desta quarta-feira (24) que houve um vazamento da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), realizado em todo o país no dia 7 de novembro. A constatação, divulgada por meio de nota no site oficial da PF, aponta para uma professora e o marido dela como acusados pelo vazamento de informações sobre a prova de redação. Ambos foram indiciados e podem pegar até seis anos de prisão.
Segundo as investigações da polícia, realizadas durante dez dias em Juazeiro (BA), a 502 km de Salvador, uma professora da cidade de Remanso, também no interior baiano, teve acesso a um dos textos de apoio da redação duas horas antes do início das provas, e ligou para o marido em Petrolina, no interior de Pernambucano. As informações repassadas por ela foram relatadas ao filho, que realizaria a prova na cidade pernambucana, e ele consultou um dos aplicadores. A suspeita foi denunciada e comprovada pela PF.
Apesar da conclusão dos policiais federais, o MEC (Ministério da Educação) garantiu que o exame deste ano não será anulado e o cronograma para as novas provas será mantido para o dia 15 de dezembro, às 13h. Apenas os prejudicados pelas falhas encontradas no caderno amarelo poderão participar.
Os nomes dos envolvidos no vazamento dos dados não foram divulgados pela corporação.
Quebra de sigilo telefônico teria confirmado vazamento
Com base da denúncia de um dos professores que aplicava a prova em Petrolina, os policiais federais iniciaram as investigações em Juazeiro. Mais de dez pessoas foram ouvidas, perícias foram feitas e, com base nesses dados, o sigilo telefônico dos envolvidos foi quebrado. Com base nas gravações foi confirmado o vazamento, posteriormente confessado pelos envolvidos.
A professora que vazou a prova e repassou o título o tema da redação que ela havia visto: “O Trabalho e Escravidão”. Porém, o tema efetivo da prova era “O Trabalho na Construção da Dignidade Humana”. Em Petrolina, o marido recebeu a informação e o pesquisou na internet, antes de ligar para o filho e contar sobre o vazamento.
Já na sala onde a prova seria aplicada, o filho consultou um dos professores sobre como escrever sobre “trabalho e escravidão”. Foi essa pergunta, relacionada a um dos temas presentes na prova de redação, que motivou a suspeita do aplicador e a denúncia de um possível vazamento. O casal foi indiciado por violação de sigilo e podem pegar até seis anos de prisão. O inquérito da PF já foi encaminhado à Justiça Federal baiana.
Ministro defendeu anulação em caso de vazamento comprovado
A história do suposto vazamento já circulava entre educadores e estudantes de Petrolina na semana posterior ao exame. Na última semana, o ministro da Educação, Fernando Haddad, declarou que a confirmação de um vazamento do Enem poderia motivar a anulação do exame, já cercado de problemas neste ano - falhas na encadernação, cabeçalho trocado e batalhas jurídicas.
O Enem já enfrentou um vazamento, em outubro do ano passado. Funcionários que trabalhavam na gráfica responsável pela impressão das provas tentaram vender um dos cadernos à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo e a outros veículos da imprensa por R$ 500 mil, mas acabaram identificados e presos. Em virtude disso, o exame acabou cancelado.
Fonte: R7.com
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