Foto: Josemário Alves
Por Josemário Alves
Diante da superpopulação de jumentos e o alto índice de abandono desses animais nas estradas do Rio Grande do Norte, em especial na região Oeste, o estudante do curso de Zootecnia da UFERSA, Leodécio Júnior, desenvolveu um estudo pioneiro que visa identificar os motivos pelos quais eles foram abandonados e avaliar possíveis soluções para esta problemática.
O trabalho foi destaque no Seminário de Iniciação Científica da UFERSA e será apresentado, também, em um congresso científico internacional no Chile.
No estudo foram utilizados 104 animais apreendidos pelas polícias rodoviárias Federal e Estadual, que estavam abrigados em uma fazenda na cidade de Apodi. Segundo Leodécio Júnior, a ideia inicial foi identificar em que idade os jumentos estavam sendo abandonados.
“Dentre os animais que estudamos, a grande parte deles eram jovens e estavam em plena idade produtiva. Então, percebemos que eles estavam sendo abandonados por que eles estavam sendo substituídos, por exemplo, por outros meios de transportes, outros meios para a agricultura e pecuária. Um outro motivo também seria a estiagem que tem se passado na região, o que leva a diminuição do trabalho que esses animais teriam, ou seja, eles estão praticamente inúteis dentro das propriedades”, contou o estudante.
Apesar de não apontar uma solução definitiva para a problemática, Leodécio destaca que seu estudo permitirá a outros pesquisadores, identificar uma finalidade para esses animais, uma vez que, com eles soltos nas estradas, a perspectiva é que eles reproduzam e aumentem sua população cada vez mais. Entretanto, o estudante citou, durante entrevista ao MOSSORÓ HOJE, que o consumo da carne seria uma alternativa.
“Já foi pensado no consumo da carne de jumento. Isto seria uma serventia nessa área com certeza, apesar de polêmica, destacou.
Consumo da carne
“A lei não trata especificamente do consumo da carne de jumentos. Se a gente tiver os mesmos cuidados, vacinar essa carne, abater no abatedouro público, obedecendo os trâmites sanitários, não há nenhum impedimento para o consumo”, detalhou Silvio Brito.
Professores da UFERSA também, declararam na época, que a carne asinina era de boa qualidade e, por ser mais magra e mais saudável, seria bem aceita pelo consumidor.
Entretanto, a possibilidade não ganhou adesão popular e foi tido como desrespeito à cultura nordestina. Organizações não-governamentais de proteção animal também se mostraram contra.
Jumentos estão morrendo de fome e sede
Devido a severa estiagem que assola o Rio Grande do Norte há quatro anos, os jumentos recolhidos pela polícia rodoviária e entregues em uma fazenda na cidade de Apodi, estão morrendo de sede.
A Associação de Proteção aos Animais (APA) já abriga mais de 700 jumentos, desde que teve início o recolhimento nas estradas da região Oeste. Sem condições de cuidar de tantos animais, o administrador da associação, Eribaldo Gomes, suspendeu o recebimento desses animais.
Eribaldo, conhecido por Jesus, diz que algumas prefeituras da região até ajudam com a água, mas está chegando um momento, em que a situação se agrava. Falta alimento para os animais.
Ele conta que tudo o que pode fazer sozinho para os animais durante o ano, ele fez. “Não adianta receber animais abandonados na BR e abandoná-los dentro das fazendas”, frisou.
O cuidador de animais, Natan Mazaque, explica que chegou a levar água de casa para matar a sede os animais. “Tirei água de casa para tentar diminuir a sede de alguns animais porque dá dó”, informou ele durante entrevista a uma emissora de TV.
Sobre a situação, o promotor Silvio Brito desabafou nas redes sociais e criticou à falta de apoio à Associação de Proteção aos Animais (Apa) por parte de ambientalistas e outras autoridades.
“Para atacar pessoas, alguns "ambientalistas" capricham na maquiagem e vão a Brasília participar de reuniões inúteis... Porém, para ajudar verdadeiramente os animais, são incapazes de arregaçar as mangas e irem até ali, a Apodi, tentar aliviar o drama desses pobres animais. O mundo está entregue a gente assim, demagoga, hipócrita, inútil, mas que se comporta como herói (SIC)”.
Fonte: Mossoró Hoje
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