sábado, 29 de agosto de 2015

“O que tô passando, não desejo pra ninguém”, diz mãe sobre busca de tratamento para o filho no Alto Oeste

Foto: Cedida / MH

Por Josemário Alves

A rotina diária da dona de casa Gadriana Medeiros Maia, de 30 anos, tem sido marcada pela luta para melhorar a saúde do filho, Victor Jonathan, de 8 anos. O garoto tem uma doença rara que altera o ritmo e a intensidade das ondas elétricas cerebrais, capazes de modificar o estado da consciência e provocar alterações dos movimentos, convulsões e inclusive transtornos emocionais e de conduta.


Victor Jonathan mora com a mãe e a irmã mais nova em São Francisco do Oeste, município integrante da microrregião de Pau dos Ferros. Ele sofre de disritmia cerebral, transtorno que atinge cerca de 5% da população mundial, além de diabetes tipo I, que pode causar cegueira e até a morte, se não for tratada.

O problema é que, os medicamentos para o tratamento são caros, e a família humilde sobrevive apenas de um Programa do Governo Federal, o Bolsa Família. Os remédios suficientes para um único mês, custam em torno de R$ 1.400 e estão sendo adquiridos com o apoio de amigos, vizinhos e familiares.

“É muito difícil. O que eu tô passando eu não desejo nem para o meu pior inimigo. Minha família que se unem, minha madrinha tem sido um grande braço. Em Natal, teve minhas primas que me ajudaram”, destaca a mãe emocionada.

No início do mês, o garoto precisou tomar, em Natal, duas vacinas importantes para o tratamento. Cada uma custava R$ 600. O dinheiro para a compra foi adquirido através de uma campanha na cidade.

Segundo Gadriana, ao descobrir a doença do filho há três meses, ela procurou a secretaria de saúde do município, que informou que não poderia ajudá-la na aquisição dos medicamentos, porque que a secretaria estava com uma dívida na farmácia.

“Eu até procurei a prefeita da cidade, que é madrinha de Jonathan. Chorando, ela disse que ia me ajudar, mas até agora, nada”, acrescentou.

Por telefone, o secretário municipal de saúde, Francisco Edson, informou ao MOSSORÓ HOJE que têm contribuído com passagens de ida e volta para Natal, exames laboratoriais e tomografias.

Sobre os medicamentos, Francisco confirmou que tomou conhecimento do caso, mas que a mãe da criança precisa se dirigir até a secretaria com as receitas médicas para que ele possa avaliar e fazer o pedido.

“Ela precisa vir aqui com o receituário, só assim é que vamos saber se podemos ou não ajudar. O problema é que ela nunca chega aqui e esclarece aqui os fatos 100%, ela não deixa a gente ter acesso aos receituários, para saber se a gente tem condições de ajudar”, frisou o secretário.

Procurada pela reportagem, Gadriana rebateu a declaração.

“Assim que eu descobri a doença do meu filho, eu fui lá, levei todos os papeis, mas ele disse que não podia fazer nada. E disse ainda que quem mandava lá era a prefeita”, revelou.

Devido à disritmia cerebral, sintomas como dores de cabeça, baixa capacidade de memorização, dificuldade em aprender a ler e crises epiléticas, são algumas das consequências que Jonathan precisa aprender a conviver.

Além disso, por conta da diabetes tipo I, o garoto precisa tomar insulina por toda a vida. Atualmente, o medicamento, que custa R$ 1.200 por mês, é doado pelo dono da farmácia, que também é vereador do município.

Indagada sobre como ela ver o futuro, Gadriana não hesita e responde: “Eu tenho fé. Às vezes eu me pergunto, senhor como é que eu vou resolver isso?, mas eu acredito que ele mostrará um jeito”.


 

Fonte: Mossoró Hoje

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