São Paulo (AE) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu ontem a posição da presidente Dilma Rousseff sobre a greve dos servidores federais, ao afirmar que o governo nem sempre pode atender aquilo que as pessoas querem. "É direito dos trabalhadores fazerem greve, mas é direito do governo atender ou não", disse, após gravar para o horário eleitoral gratuito de candidatos do PT num hotel da zona sul de São Paulo. A greve já mobilizou mais de 350 mil funcionários públicos de pelo menos 36 categorias e afeta praticamente todo o País, com engarrafamentos em estradas, filas nos aeroportos e estudantes sem aulas. A direção do PT teme que as greves possam produzir impacto negativo para o partido nas eleições municipais deste ano.
Epitácio Pessoa/AE
Luiz Inácio Lula da Silva participa de campanha em São Paulo
Para Lula, o governo está disposto ao diálogo, mas depende de um orçamento que está para ser votado pelo Congresso Nacional. "As pessoas devem compreender que o governo não tem todo o dinheiro que a gente lá fora pensa que tem. O dinheiro é limitado." Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff vive a "angústia" de não poder atender o que os trabalhadores reivindicam porque o "dinheiro é muito curto". Ele citou a crise internacional que afeta a Europa e outros países e lembrou que, embora o Brasil sofra menos com a crise, o País está inserido numa economia globalizada. Lula contou que em seu primeiro mandato ficou chateado por não poder aumentar o salário mínimo, em 2004, conforme a reivindicação dos trabalhadores.
Segundo ela, a presidente quer atender as pessoas, mas tem limitações orçamentárias, por isso dá prioridade aos mais pobres "Ela tem outras coisas para fazer investimentos, como a infraestrutura que é importante para melhorar a vida do povo. Ela quer ajudar as pessoas mais pobres que não têm salário." O ex-presidente recordou que também enfrentou manifestações quando na Presidência e achava engraçado o fato, já que, como líder sindical, também liderou muitas greves. "Até entrei em passeata contra mim mesmo", disse, rindo. Lula defendeu um acordo entre governo e trabalhadores e disse que as pessoas não podem perder a esperança porque sua sucessora na Presidência tem sensibilidade social e quer ajudar. "A Dilma tem um mandato e durante o mandato, ela vai acertar aquilo que puder acertar."
Fonte: Tribuna do Norte
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