Em meio à grave crise hídrica que atinge o estado de São Paulo, muitas pessoas pensam em alternativas para não ficar sem água.
Uma empresa em Bertioga, no litoral de São Paulo, criou um método
próprio de dessalinização da água do mar que, além de remover o sal,
consegue manter 63 minerais importantes para o organismo humano
presentes no mar.
O G1
testou o produto com alguns moradores da Baixada Santista. O resultado,
com a reação das pessoas, pode ser visto no vídeo que abre a reportagem.
O G1
visitou também a sede da fábrica e acompanhou todo o processo de
dessalinização. A água já foi até engarrafada, mas os empresários
aguardam a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) para começar a vender o produto no Brasil. Segundo um estudo de
uma pesquisadora ligada à Universidade Paulista (Unip) e Universidade
de São Paulo (USP), a água não oferece riscos e pode ser consumida
normalmente.
Um dos
responsáveis pela criação do processo de dessalinização, o empresário
Annibale Longhi conta que buscava também uma forma de recuperar os
minerais perdidos no dia a dia por meio da água. “Uma célula em
equilíbrio deve conter cerca de 100 minerais. Ao longo da vida, você vai
perdendo isso.” Por isso, Longhi começou a fazer experiências para
encontrar um produto que não tivesse sal em grande quantidade e que
fosse saudável.
Após
um longo período de análises, ele descobriu que o mar guarda os minerais
necessários para o corpo. “Na água do mar encontramos 63 minerais que
ajudam o sistema celular. A água vendida nos supermercados tem, no
máximo, 12 minerais. Porém, para o corpo ficar saudável, precisa de
muito mais”, explica.
Produção da água
Com os
resultados em mãos, o empresário, junto com o engenheiro Silvio Paixão,
criou um laboratório piloto para desenvolver projetos e começar os
testes.
Há
três anos, eles montaram um sistema de dessalinização da água. Ela é
retirada do mar, a cerca de 30 metros de profundidade, e passa por um
processo de tratamento de quatro fases. Metade da água retirada do mar
se transforma em potável. A outra metade volta para o oceano, com
concentração maior de sal. Esta água é descartada em vários pontos para
não comprometer o meio ambiente (veja o vídeo no fim da reportagem).
Após o
tratamento, a água permanece com os 63 minerais naturais que o corpo
necessita. De acordo com Paixão, o pH 7,5 da água do mar é mantido. O pH
é a medida que indica a acidez, a neutralidade e a alcalinidade de uma
solução. Sete é o valor neutro. Um pH mais perto de 0 indica acidez e
mais perto de 14, alcalinidade.
“Como
nós não adicionamos nada, só retiramos o cloreto de sódio, o pH
permanece o mesmo. O pH é uma coisa muito importante quando se trata de
saúde humana. Essa água nunca vai trazer problemas para o corpo. O rim e
o fígado funcionam até melhor”, afirma.
No
laboratório em Bertioga, é possível produzir uma grande quantidade das
garrafas de água. A fábrica tem condições de fazer até 33 mil
garrafinhas por dia, totalizando 16 mil litros do produto, o que daria
cerca de 1 milhão de unidades por mês. Enquanto uma garrafa de água
mineral com 300 ml custa, em média, R$ 1,50, em Santos, uma garrafinha
de água dessalinizada pode chegar a custar duas ou três vezes mais.
Pesquisa
A
biomédica Lucia Abel Awad, com o apoio da USP e da Unip, realizou um
estudo de cerca de três anos sobre a água fabricada em Bertioga.
“Primeiro fizemos testes em camundongo e ratos, com protocolos que
obedecem aos critérios da Anvisa. Avaliamos questões hematológicas,
renais, hepáticas e sinais clínicos. Fizemos todos os testes para saber
se a água produzia algum efeito maléfico ou benéfico no organismo desses
animais. Os animais não apresentaram problemas. Concluímos que a água
não tem efeito tóxico e que pode ser tomada sem restrições”, diz ela.
Por
enquanto, os empresários já têm a autorização da Anvisa para produzir e
exportar a água. Segundo eles, há compradores na Alemanha (Galeria
Kaufhof) e na França (La Grande Epicerie), onde o produto também passa
por análise, de acordo com a legislação europeia.
“Já
passamos pelos processos de análise química e microbiológica. Estamos na
fase da radioatividade. Passando por isso, nosso produto será aceito em
toda a Europa”, explica Paixão.
No
Brasil, a água 63 Water Vital Minerals está sob análise da Anvisa para a
comercialização. A pesquisa realizada pela universidade foi incluída na
série de documentos e exames laboratoriais solicitados pelo órgão.
“Superamos a demanda da Anvisa e estamos aguardando a análise.
Entregamos todo esse material no começo de 2014 e estamos esperando a
aprovação”, afirmou o engenheiro.
Fonte: G1 via Cidade News
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