O
cirurgião geral Claudio Pinheiros, diretor clínico do Vitória Apart
Hospital, local para onde foram levados alguns dos feridos após o acidente
no navio-plataforma da Petrobras na cidade de São Mateus, no norte do
Espírito Santo, disse que as vítimas foram expostas ao fogo, explosões,
queimaduras e traumas múltiplos, e que muitas caíram e foram
arremessadas no navio por conta do impacto.
O
acidente deixou três mortos e dez feridos, sendo duas vítimas de
queimaduras graves e oito vítimas de trauma. As vítimas foram
encaminhadas para o Vitória Apart Hospital e Hospital Metropolitano, em
Serra. A explosão aconteceu no início da tarde desta quarta-feira (11).
Claudio
Pinheiros contou que oito pessoas deram entrada no pronto-atendimento
do Vitória Apart Hospital - elas foram sedadas pela equipe médica que
realizou o resgate. Algumas famílias já puderem visitar os pacientes,
enquanto outras ainda aguardam autorização. Dentre os feridos no local,
estão sete homens, sendo três estrangeiros, e uma mulher.
Inicialmente,
chegaram ao hospital seis pessoas, identificadas como Renata Beça,
Eduardo Campos, Diego Chaves Leite, Danilo Martins Crus e um filipino
identificado como Bernardes, que está em estado mais grave.
Posteriormente, chegaram mais duas pessoas cujos nomes ainda não foram
divulgados.
"Os
pacientes chegaram agora à tarde. Não estamos passando o quadro clínico e
a Petrobras não nos autorizou a divulgar o nome dos pacientes. Seis
pacientes estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)) do hospital.
Três pessoas estão em estado crítico, sendo um filipino e dois
brasileiros, e três em estado menos grave, com traumas mais facilmente
tratáveis, mas foram expostos ao mesmo risco que os outros, e dois em
situação mais 'leve', que devem ficar em observação por, no mínimo, 24
horas", explicou o médico.
"Os
pacientes que apresentaram estado mais grave foram trazidos para cá
(Vitória Apart Hospital). Todos os pacientes que estão na UTI foram
expostos ao gás, apresentando algum tipo de fratura e trauma de grande
magnitude. Não podemos descartar uma piora no quadro de saúde deles
porque não sabemos como pode se comportar o organismo de uma pessoa",
contou Pinheiros. E completou: "Muitos foram expostos ao fogo,
explosões, queimaduras e traumas múltiplos. Muitos caíram e foram
arremessados. Mas tanto eles quanto as famílias estão recebendo toda a
assistência."
"Como
foi explosão seguida de incêndio, há pacientes com grandes queimaduras,
pancadas, fraturas, contusões. São lesões que podem ocorrer complicações
em tempo médio ou tardiamente. São queimaduras por vias aéreas que
queimam até o pulmão, e que vão progredir e não temo serem tratadas
agora. Uma pessoa chegou a ficar presa no elevador inalando fumaça.
Todos eles são pacientes que podem apresentar uma piora no quadro a
médio e a longo prazo", disse.
O
estrangeiro que chegou em estado grave sofreu queimaduras nas vias
aéreas e precisou ser sedado para poder ser entubado, já que esse tipo
de ferimento pode progredir. "Ele está em uma sedação profunda para a
entubação e assistência ventilatória mecânica. Não chega a ser um coma
induzido porque se tirar a sedação, ele acorda. E uma hora ele está
falando com você, e daqui a pouco ele pode não respirar mais. Tivemos
que fazer isso para que o aparelho possa ventilar os pulmões. Amanhã de
manhã tem visita multidisciplinar e podemos falar do quadro específico
de cada um e identificá-lo. Hoje eles estão passando por exames e sendo
medicados", informou o diretor.
Por
meio de nota, a Petrobras lamentou informar a ocorrência. A Petrobras
notificou oficialmente a Marinha e a Agência Nacional de Petróleo Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP). A concessão de Camarupim é operada pela
Petrobras (100%) e a de Camarupim Norte é uma parceria entre a
Petrobras (75%) e a empresa Ouro Preto Energia (25%).
Investigação
A
Capitania dos Portos vai abrir um Inquérito Administrativo sobre
Acidentes e Fatos da Navegação para apurar as causas e responsabilidades
na explosão. O prazo para a conclusão das investigações é de 90 dias.
Segundo
o inspetor de equipamento Gerson Pistori, especialista em segurança de
plataformas, que presta serviços para Petrobras há 13 anos, o
navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus era classificado como um
local de alto-risco por operar com gás. Ele acredita que o mais provável
é que o acidente tenha ocorrido em uma área restrita da plataforma.
"As
plataformas são todas setorizadas, poucas pessoas têm acesso a área da
casa de bombas. O grosso do pessoal deveria estar em uma área longe do
acidente, já que estão conseguindo fazer resgate aéreo e por baleeiro
(navio específico para resgates em alto mar)", afirma.
O
navio-plataforma produziu em média 2,5 milhões de metros cúbicos de gás
natural por dia e 2 mil barris de petróleo por dia em dezembro, segundo
Rangel. A concessão de Camarupim é operada pela Petrobras, e a de
Camarupim Norte é uma parceria entre a Petrobras (65%) e a empresa Ouro
Preto Energia (35%).
Histórico de acidentes
Outros
acidentes ocorreram recentemente em plataformas ou refinarias da
Petrobras. O último aconteceu no mês passado, quando a explosão em uma
refinaria na Bahia deixou três feridos.
No
final de 2013, um incêndio em outra plataforma de petróleo da Petrobras
forçou a interrupção temporária de sua produção e deixou trabalhadores
levemente feridos. Uma semana depois, um incêndio em uma refinaria da
petroleira no Rio de Janeiro paralisou temporariamente uma unidade de
produção.
Outra
plataforma operada pela Petrobras em águas brasileiras foi parcialmente
evacuada em fevereiro de 2014 após se inclinar perigosamente.
Fonte: Uol via Cidade News
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