RIO DE JANEIRO (Reuters) - Faltando cerca de um mês para o Carnaval do Rio de Janeiro, um incêndio de grandes proporções destruiu parcialmente nesta segunda-feira a Cidade do Samba, local onde são confeccionadas fantasias e alegorias das escolas do grupo especial.
O incêndio, no início da manhã, se espalhou rapidamente em razão do material inflamável, como plástico, madeira e isopor, estocado nos barracões das agremiações.
Pelo menos uma pessoa ficou ferida e duas intoxicadas, segundo o Corpo de Bombeiros. Dois seguranças da escola de samba Portela foram detidos pela polícia numa confusão que envolveu o presidente da agremiação, Nilo Figueiredo.
Bombeiros de diversos batalhões foram mobilizados para controlar as chamas, só debeladas três horas depois. Uma densa coluna de fumaça se formou na região central do Rio e podia ser vista de longe.
As causas do incêndio ainda estão sendo apuradas pela polícia civil, que abriu inquérito. De acordo com testemunhas, o fogo começou numa área reservada à Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), no quarto andar, e se alastrou para os barracões das escolas.
O fogo atingiu os barracões das escola Portela, Grande Rio e União da Ilha do Governador, todas do grupo de elite do Carnaval e que vão se apresentar no segundo dia de desfiles na Marquês de Sapucaí. Uma área reservada ao museu do Carnaval do Rio também estava em chamas.
O prejuízo para as escolas é considerado irreparável. 'A situação é de catástrofe total. Nosso carnaval virou cinza. Ele estava 90% pronto', afirmou Avelino Ribeiro, funcionário da Grande Rio.
A área foi isolada pelo Corpo de Bombeiros para evitar que o fogo atingisse prédios e armazéns vizinhos à Cidade do Samba.
Empregados das escolas que estavam na Cidade do Samba disseram que o fogo teve início no quarto andar, no pavilhão onde funciona um escritório da Liesa. 'Começou lá e depois se espalhou para os barracões', afirmou uma funcionária da União da Ilha, Maria de Lurdes da Silva.
O telhado e paredes do prédio foram destruídos pelas chamas 'Algumas partes da estrutura da edificação ruíram e desabaram', declarou um relações públicas do Corpo de Bombeiros.
PREJUÍZOS
O presidente da União da Ilha, Ney Filardi, passou mal ao ser informado do incêndio e precisou ser levado para o hospital. 'Sou hipertenso e fui para o hospital... temos 4.500 integrantes que vão desfilar nem que seja de bermuda e camisa', disse ele à Reuters, estimando os prejuízos da escola em mais de R$ 5 milhões.
'Apelo à Liesa e ao prefeito Eduardo Paes para que as escolas atingidas não sejam penalizadas e proponho que este ano não haja descenso no Carnaval', acrescentou. A União da Ilha voltou à divisão principal do Carnaval do Rio depois de anos nos grupos de acesso.
'Perdemos rigorosamente tudo. Quando cheguei aqui, pensava que seria possível recuperar alguma coisa, mas perdemos alegorias e mais de 3 mil fantasias. Vamos desfilar nem que seja só com bandeira e samba-enredo', disse o presidente da Grande Rio, Helinho de Oliveira. Ele avaliou em mais de R$ 10 milhões os prejuízos para a Grande Rio. A Portela informou que ainda não calculou seus prejuízos.
O prefeito e a Liga prometeram apoio pleno às escolas.
'Nós lamentamos tudo o que aconteceu. Não faltará apoio da Prefeitura nem que seja financeiro, se necessário', disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Ele acrescentou que caberá à Liga das Escolas decidir questões relativas ao regulamento. 'Tenho certeza que não faltarão garra e disposição aos componentes das agemiações', declarou Paes, ao chegar à Cidade do Samba.
Para o diretor de Carnaval da Liga, Iran Araújo, vai ser difícil recuperar o prejuízo. 'Vai ter que haver um esforço muito grande. O tempo até o desfile é curto', disse ele.
A Cidade do Samba foi construída na administração do prefeito César Maia. Um dos objetivos era evitar os constantes incêndios que afetavam os barracões avulsos das escolas, que prejudicavam as agremiações antes do Carnaval
Recentemente, o prefeito do Rio anunciou que iria construir uma nova Cidade do Samba para escolas do grupo de acesso.
Fonte: G1
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