“O Walfredo
Gurgel não é vilão. É vítima. Quem achar que o problema da saúde do
Estado é por conta do Walfredo está desinformado. Trata-se de um erro
primário”. As palavras são de quem entende do assunto. O médico
intensivista Sebastião Paulino já foi diretor do Walfredo Gurgel e
discorda da opinião de Robinson Faria. O candidato do PSD disse no
debate que “o walfredo gurgel é o vilão da saúde no Rio Grande do
Norte”. A declaração não foi bem recebida por quem trabalha e atendido
pelo hospital.
A declaração de
Robinson teve espaço no debate sobre a saúde. Na hora de explicitar
suas propostas, o vice-governador falou sobre o Walfredo Gurgel. “O
Walfredo Gurgel é o grande vilão da saúde no Rio Grande do Norte”, disse
Robinson. Para o intensivista Sebastião Paulino, quem se utiliza de uma
opinião como essa não conhece a fundo a realidade da saúde no Rio
Grande do Norte. “Quem falar que o Walfredo Gurgel é vilão, é porque
desconhece a saúde do Estado. Talvez não conheça a unidade pessoalmente,
nunca tenha visitado e nem conversado com os servidores e os pacientes.
O Walfredo na verdade é a grande vítima do descalabro na saúde desse
Estado”, corrige Sebastião Paulino.
Para provar o
que diz, Sebastião Paulino relata o seu mais recente plantão na unidade
de terapia intensiva do Walfredo Gurgel, realizado no último dia 23.
“Faltavam medicamentos, material cirúrgico, e os corredores estavam
lotados de pacientes esperando por cirurgia ortopédica”, disse. E
complementou: “Um desinformado poderia até achar que o hospital é
desorganizado, mal gerido. Mas na verdade por que os corredores estão
lotados? Porque o Estado não pagou o convênio com os hospitais
particulares para cirurgias ortopédicas. Por que não há material de
trabalho? Porque a Secretaria de Saúde está endividada e não paga os
fornecedores. Os problemas do Walfredo são decorrentes de problemas
externos e não do próprio hospital”.
Apesar das
dificuldades, numa gestão onde todos os meses se acumula um déficit
milionário, o Hospital Walfredo Gurgel ainda é, na opinião de Sebastião
Paulino, a melhor opção para qualquer potiguar que tenha sofrido um
trauma ou sido vítima da violência urbana. “Tenho plano de saúde, mas se
for vítima de um acidente ou da violência urbana, quero ser atendido no
Walfredo Gurgel”, exemplifica.
Para ele, o
atendimento de emergência do Walfredo é o melhor do Estado. “É o
hospital que tem uma equipe altamente qualificada, que lida com esse
tipo de situação todos os dias, e tem a capacidade de dar resposta
rápida para toda sorte de problemas. Claro que depois de 24 horas, da
fase aguda, seria melhor estar em um hospital com uma boa hotelaria, com
mais conforto. Mas o atendimento de emergência do Walfredo é de alto
nível”, complementa.
Esse contexto –
de ter uma equipe qualificada que trabalha sob péssimas condições de
trabalho – desmonta ainda mais o quadro pintado pelo vice-governador
Robinson Faria. Na opinião do intensivista, o Walfredo presta um grande
serviço para o Estado. “É a única porta aberta para o potiguar em caso
de emergência, que vive superlotado porque atende aos potiguares de todo
o Estado sem nenhum auxílio dos demais hospitais da rede. Leva grande
parte da saúde do Estado nas costas”, acredita. Todos esses dados contradizem o discurso de Robinson, de que o Walfredo é o “vilão” da saúde potiguar.
Não só entre
profissionais a declaração do vice-governador causou espanto. Familiares
que visitavam parentes atendidos pelo hospital também disseram não
concordar com a opinião de Robinson Faria. Maria das Graças do
Nascimento, 47 anos, dona de casa, visitava um irmão na manhã de ontem,
internado no hospital por conta de uma fratura na perna. Apesar do
desconforto do atendimento, Maria das Graças afirmou que a culpa não era
do Hospital. “Todo mundo me atendeu muito bem e o meu irmão estaria
ainda com a perna quebrada não fosse o Walfredo. É desconfortável, mas é
o único lugar que realmente atende”, disse.
O comerciário
Marcos Leonel Tavares, 29 anos, acompanhava a esposa internada na
unidade e também discordou. “Bem ou mal o Walfredo ainda é o que salva.
Se o candidato viesse até aqui, conhecer a realidade, veria que os
médicos, as enfermeiras, fazem até demais”, criticou.
Walfredo em números
O Walfredo
Gurgel possui estrutura para 264 leitos, distribuídos entre Hospital
Monsenhor Walfredo Gurgel e Pronto Socorro Clóvis Sarinho, e destinados
ao atendimento em diversas especialidades, como clinica médica, cirurgia
geral, cardiologia, ortopedia.
O Hospital
Walfredo Gurgel atende, mensalmente, uma média de 21 mil pacientes
vindos da capital e do interior do estado, dos quais 1.100 são
internados. A cada mês, são feitas cerca de 600 procedimentos
cirúrgicos, entre cirurgias e reduções ortopédicas. No Serviço de Apoio
ao Diagnóstico e Tratamento são realizadas por mês, em média, 1200
tomografias computadorizadas, entre seis e sete mil exames de raio-x, de
650 a 700 ultrassonografias, e de 250 a 300 endoscopias digestivas.
O Pronto
Socorro Dr. Clóvis Sarinho integra o complexo hospitalar do Hospital e é
referência no atendimento de emergência no estado, recebendo, em média,
13 mil pacientes por mês. Os principais procedimentos realizados são em
clínica médica, ortopedia, cirurgia geral e neurocirurgia.
O Walfredo
Gurgel dispõe de uma equipe de 1.800 funcionários, dos quais cerca de
200 são de empresas terceirizadas. A equipe de plantão permanente é
composta por 30 médicos em cada turno, e o hospital conta ainda com uma
equipe de profissionais que pode, a qualquer momento, ter seus serviços
solicitados.
* Com Informações do Portal JH via Márcio Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário