Com a eleição do Papa Francisco, a expectativa é de que milhares de jovens, além dos 2 milhões anteriormente previstos, venham para a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho. Para isso, o planejamento da segurança e do policiamento da cidade tem sido uma das prioridades dos ministérios da Justiça e da Defesa, aos quais cabe a coordenação da segurança do evento.
Um dos principais pontos turísticos do Rio, o Corcovado já foi utilizado, no início deste mês, para o treinamento de 70 policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e do Grupamento Aeromóvel (GAM), além de 12 carros da polícia e uma aeronave. O treinamento contou com cinco etapas: abordagem de aeronave, retomada do trem do Corcovado, socorro de vítimas, posicionamento de atiradores de precisão e demonstração de equipamentos. “Através da Unidade de Intervenções Táticas, identificamos alguns pontos sensíveis no Corcovado e como as ações deverão ser realizadas em possíveis momentos de perigo. Com esse treinamento, o objetivo foi alcançado e estamos preparados para esse eventos”, disse o relações públicas do Bope, major Ivan Blaz.
No mês de março, 76 policiais civis e militares, além de homens da Guarda Municipal, participaram de um curso de Controle de Massa no Batalhão de Choque, no Estácio, na zona central da cidade, com agentes europeus. Segundo a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Segurança, trata-se de um curso para Controle de Distúrbios Civis que integra um pacote de cursos fechados entre a Subsecretaria de Educação, Valorização e Prevenção (SSEVP), da Secretaria de Segurança, com a Embaixada da Espanha.
O objetivo é a preparação de policiais civis e militares para os grandes eventos e já foram oferecidos, também, cursos de Patrulhamento Turístico. Além disso, outros acordos foram feitos para a realização de cursos como “Policiamento de Massas”, “Análise de Risco”, “Antiterrorismo e Contraterrorismo”, “Identificação de Áreas Vulneráveis”, “Sistema de Comandos de Incidentes” e “Ameaças Externas”.
Ainda de acordo com a assessoria, a previsão é de que 4.520 profissionais, entre policiais militares e civis e agentes convidados de outras instituições, sejam capacitados nos cursos de segurança este ano. Além deles, as aulas contam com a participação de policiais federais, guardas municipais e bombeiros.
“A segurança de um grande evento como a Jornada Mundial da Juventude envolve as três esferas governamentais (União, Estado e Município), de forma que as definições de ordem estratégica, bem como, a coordenação das ações de segurança e defesa recaem sobre o Governo Federal, através dos Ministérios da Justiça e da Defesa. E cabe ressaltar, em relação à JMJ, a realização de proveitosos intercâmbios com as polícias espanhola, italiana e do próprio Vaticano, a implementação do Regime Adicional de Serviço (RAS) para os policiais estaduais, como forma de ampla captação de efetivo, além de efetiva participação em todo o processo de planejamento e preparação levado a efeito pelos Governos Federal e Municipal, sem esquecer, o estreito contato com o Comitê Organizador da JMJ”, afirmou o Subsecretário de Grandes Eventos, Roberto Alzir.
Para Wiktoria Katarzyna, de Gdynia, na Polônia, a troca de experiências entre policiais é válida. “Os policiais poloneses, por exemplo, estão sempre em contato com outros policiais europeus, em constante cooperação, isso é muito bom”, disse a jovem de 21 anos que está no Rio de Janeiro há dois meses. Morando na Tijuca, Wiktoria afirmou que a visão que ela tinha da cidade antes de vir mudou completamente. “É verdade que você tem que ser cuidadoso, mas é como em qualquer outra cidade”, declarou.
Questionado sobre o que espera para a semana da JMJ Rio2013, James Kelliher, de Londres, na Inglaterra, disse que gostaria de ver o mesmo clima festivo da época do carnaval, mas tudo bem controlado pela Polícia. “Sei que vai dar tudo certo e que todos aproveitarão a jornada”, falou o voluntário de 27 anos, que chegou há um mês na cidade.
Entenda como será a atuação de cada órgão de segurança durante a JMJ Rio2013
Os números de agentes que atuarão na segurança e no policiamento da JMJ Rio2013 ainda não estão finalizados no âmbito das três esferas governamentais. No entanto, o Governo Federal vem investindo recursos financeiros e humanos na segurança do Rio de Janeiro e encara a JMJ como prioridade.
Para isso, foi criada a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) do Ministério da Justiça, de modo a firmar a preocupação do Governo Federal com o compromisso em fazer o planejamento e os esforços de segurança de eventos como a Jornada Mundial da Juventude. Dessa forma, todas as forças policiais serão envolvidas de acordo com um protocolo de atividades, um manual que não permite improviso durante o evento, e protocolos de reação. Trata-se de um passo a passo bem detalhado, com mais de 50 mil ações descritas. De acordo com a Sesge, o objetivo é de que essa prática de planejamento minucioso fique como um legado para a área de segurança do Brasil.
Polícia Federal:
Caberá à Polícia Federal a segurança pessoal do Papa Francisco, por se tratar de um chefe de Estado. A segurança do Santo Padre, na verdade, não contará apenas com os policiais federais, mas será organizada como em uma série de círculos concêntricos: um esforço de segurança composto por atiradores, helicópteros e áreas de inteligência, isto é, policiais destacados para a proteção da célula central, que envolve tanto a Polícia Federal como o Papa Francisco.
Polícia Rodoviária Federal:
As escoltas dos deslocamentos do papa ficarão sob a responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal. Nos últimos 40 anos, em todas as visitas de papas foi a Polícia Rodoviária Federal que se encarregou da segurança dos deslocamentos, por isso o Governo Federal optou por manter a estrutura.
Polícia Militar:
O controle de abertura e fechamento de vias, segurança de pontos turísticos, passagem de grupos, tudo isso será responsabilidade da Polícia Militar. Ou seja, cabe ao órgão a estruturação do policiamento urbano, contando sempre com reforço de efetivo.
Força Nacional de Segurança:
O apoio da Força Nacional de Segurança servirá como força de contingência, sendo acionada somente quando necessário.
Polícia Civil:
A Polícia Civil não terá papel operacional. Devido ao grande aumento no número de turistas na cidade, caberá aos policiais civis dimensionar os eventos, ajudando no atendimento de dúvidas e controlando o fluxo de pessoas em cada momento.
Exército:
O Ministério da Defesa não colocará tropas nas ruas, com carros blindados, policiais de capacete e fuzil à mostra. A atuação do Exército, assim como da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), será em defesa da soberania e do interesse nacional, cuidando de instalações estratégicas. Os agentes só se farão notar quando necessário, de modo que sua presença não será ostensiva. Assim, caberá aos homens da Defesa intervir no combate à guerra cibernética e na contrarresposta ao terrorismo.
Guarda Municipal:
Haverá dez módulos operacionais com prioridade para pontos turísticos e patrulhamento constante nos acessos ao metrô e estações de trem. Ainda, serão mais de 200 agentes divididos por esses módulos, com aumento da ronda escolar para zelo das escolas municipais (625 escolas), e para os eventos serão aproximadamente 1300 agentes com prioridade para Copacabana.
Por fim, caberá aos órgãos de segurança do cotidiano carioca a transmissão de informações com antecedência para que toda a população esteja preparada para a realização da JMJ. Esta é a oportunidade do Rio de Janeiro mostrar competência ao sediar um grande evento e serve também para passar mensagens que reflitam o orgulho dos habitantes em acolher grandes eventos mundiais e a cooperação da sociedade.
Fonte: Site da JMJ
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