sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Leitos de UTIs em Natal são insuficientes para demanda

A caótica realidade que cerca a saúde pública municipal e estadual atualmente, mostra, a cada dia, a falência do sistema. Além da superlotação e falta de insumos de uso e consumo nos hospitais da rede, faltam hoje leitos de UTI para pacientes em estado crítico, como Francisca Rodrigues Bezerra, 51 anos. Há quase uma semana, ela aguarda ser transferida para um dos hospitais que dispõem de unidade de tratamento intensivo.

Para garantir o atendimento emergencial a D. Francisca, o diretor do Hospital dos Pescadores, Josenildo Bezerra de Lima, precisou fazer adaptações na sala de reanimação do centro médico. “Nós não realizamos atendimento de alta complexidade e tivemos que adaptar uma UTI para que a paciente não morresse, pois não há vagas de UTI nos hospitais para pacientes do SUS”. Além de D. Francisca, mais uma paciente deu entrada no hospital na noite de quarta-feira correndo risco de morte, respirando com ajuda de aparelhos.

Segundo Josenildo, não existem leitos de UTI nos hospitais e postos da rede municipal de saúde. O que a prefeitura faz é comprar leitos em complexos hospitalares privados e estaduais para atender à população. As unidades de terapia intensiva destinadas aos pacientes da rede municipal estão distribuídas entre os hospitais Memorial, Harmony Medical Center, Hospital do Coração, Santa Catarina, Walfredo Gurgel e na UPA do Pajuçara.

 Sobrecarregados, os hospitais públicos municipais e estaduais operam no limite. Somente no hospital dos Pescadores, nas Rocas, todos os 37 leitos de observação e internação clínica estão ocupados. No Walfredo Gurgel, aproximadamente 40 pacientes aguardam liberação de cirurgias ortopédicas eletivas, realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde. Enquanto aguardam autorização, superlotam corredores e ocupam macas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O esposo e uma das filhas de D. Francisca se dirigiram ao Ministério Público ontem pela manhã com o objetivo de conseguir, através de liminar judicial, a transferência da paciente para um hospital particular custeado pelo município. “Depois de quase uma semana, tivemos que recorrer à Justiça”, comenta Roseane Bezerra, filha de D. Francisca. A assessoria de comunicação do órgão informou que as promotoras da Saúde estão trabalhando no levantamento do número de leitos disponíveis à população na capital e que iria investigar a denúncia feita.

 Questionado sobre a quantidade de leitos disponibilizados pelo município, o secretário municipal de Saúde, Thiago Trindade, comentou que a capital está bem servida em relação a quantidade de camas e afirma que o orçamento destinado a Saúde para 2011 é de R$ 471 milhões. “Nossa prioridade é tornar a rede que temos mais eficiente. A AME é um bom exemplo das melhorias implementadas pela prefeitura”. Thiago não comentou se a Secretaria pretende construir mais hospitais e ampliar a oferta de leitos diretamente administrados pelo município.
Fonte: Tribuna do Norte

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