terça-feira, 19 de agosto de 2014

Sem Hospital Dix-Sept Rosado, Mossoró perde mais da metade da capacidade dos partos

Prefeito e secretária de saúde culparam a gestão da CSDR pelo fechamento
Carlos Guerra Júnior/Da Redação

O fechamento da Casa de Saúde Dix-Sept Rosado (CSDR) faz Mossoró perder mais da metade da sua capacidade para atender partos. De acordo com o diretor do Hospital da Mulher, o médico Inavan Silveira, Mossoró realiza 600 partos por mês e o Hospital da Mulher só tem suporte para atender 250.

Com isso, foram registradas gestantes esperando em cadeiras nos corredores do Hospital da Mulher, desde o fechamento das atividades do CSDR, na semana passada. A medida paliativa tomada pela Prefeitura de Mossoró é a de utilizar os leitos do Hospital da Polícia para atender as pacientes do pós-parto. Neste final de semana, houve 12 atendimentos.

“Já foram 12 lugares que ficaram disponíveis no Hospital da Mulher”, disse o diretor do Hospital da Mulher, ressaltando, porém, que a capacidade do Hospital da Polícia é insuficiente. Além de não ter estrutura para partos, o Hospital da Polícia conta com apenas 20 leitos, enquanto a Casa de Saúde tem 70 leitos.
O prefeito de Mossoró, Silveira Júnior, fez questão de afirmar, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (18), que o fechamento da Casa de Saúde é culpa exclusiva da gestão do CSDR. Segundo ele, a Prefeitura está em dias com o repasse mensal do Sistema Único de Saúde para o hospital, que é de R$600 mil, além de um adicional de R$400 mil, para os médicos ginecologistas, anesteologistas e pediatras trabalharem no local, em parceria entre a gestão da Casa de Saúde e a Prefeitura.
“A culpa é totalmente da gestão da Casa de Saúde. Eles atendem plano de saúde, particular e SUS e encerraram todos os setores. Se uma pessoa quiser fazer um parto particular na Casa de Saúde, eles não estão atendendo. Então não tem como culpar a Prefeitura, é ingestão deles. Mas estamos preocupados para resolver, porque a saúde é prioridade na nossa gestão e não podemos deixar a cidade desabastecida. A utilização do Hospital da Polícia é uma medida paliativa, mas temos que procurar outra solução, definitiva”, declarou o prefeito Silveira Júnior.
A reportagem do Defato.com tentou entrar em contato com o diretor da Casa de Saúde Dix-Sept Rosado, André Néo. No início da manhã, ele afirmou que estava em reunião e não poderia atender a reportagem. Em uma segunda tentativa, ele não atendeu as ligações.

O prefeito Silveira Júnior também demonstrou interesse da Prefeitura de Mossoró em assumir a Casa de Saúde. "Sempre falei que na minha gestão queremos ter um hospital municipal. Quem sabe, seja a própria Casa de Saúde. Estamos dispostos a assumí-la", declarou Silveira.

Superlotação
A secretária municipal de saúde, Leodise Cruz, afirmou ainda que Mossoró tem uma demanda muito grande de partos, porque as cidades de várias regiões do Estado enviam muitos atendimentos para Mossoró, sendo que alguns desses deveriam acontecer nas próprias cidades.
“Estamos dispostos a atender urgências e emergências das cidades vizinhas, mas nos enviam pacientes normais, que deveriam ser feitos no serviço básico de saúde das suas cidades. Muitas vezes os municípios não fazem nem o básico, por isso, superlota em Mossoró”, disse Leodise Cruz, afirmando que Mossoró deveria receber um maior suporte financeiro, dos governos estadual e federal.
Segundo ela, o Governo Estadual tem um débito em torno de R$ 15 milhões com o município e tem justificado falta de verba para quitar esse pagamento, que é referente a um período de 2011 a 2014. Recentemente, foram pagos os meses de janeiro a abril de 2012, mas não foram apresentadas datas para os restantes dos débitos.
Anesteologistas
O prefeito Silveira Júnior também utilizou a coletiva de imprensa para dar a sua versão sobre a Cooperativa dos Anesteologistas de Mossoró (CAM), sobre o atraso no pagamento dos servidores, junto a Prefeitura de Mossoró.
De acordo com o prefeito, o valor que a Prefeitura já repassou neste ano para os anesteologistas é em torno de R$2,7 milhões. Esse valor representa 76% do valor que a categoria recebeu no ano passado, além de ser superior ao montante de 2012 e 2011. Esse valor é referente aos débitos do ano passado, que giravam em torno de R$700 mil e mais o que foi negociado para este ano.
A secretária de comunicação Mirella Ciarlini afirma que a Prefeitura de Mossoró realizou o pagamento até o mês de maio. Para quitar o mês de junho, é necessário aguardar os trâmites legais. Esse serviço funciona através de uma empresa terceirizada, que envia a nota fiscal e a Prefeitura repassa o valor. A última nota fiscal enviada foi a do mês de junho, que, segundo Mirella, foi repassada há poucos dias e está sendo esperado os trâmites burocráticos normais para ser efetuado o pagamento.
Obstetras
Os obstetras também estiveram em reunião com a Prefeitura de Mossoró, para negociar um débito de R$700 mil. Segundo a secretária Leodise Cruz, foi feita a negociação para o pagamento em sete parcelas e a primeira já foi quitada.
Fonte: DeFato 

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