O caso de cárcere privado de uma adolescente de 17 anos, que escreveu um pedido de socorro em uma receita médica e entregou a uma farmácia de Campo Grande, pode ter durado cerca de um ano, segundo o delegado Paulo Sérgio Lauretto, adjunto da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).
Ele disse ao G1 que, em depoimento informal, a vítima contou que a situação de cárcere começou pouco tempo depois que ela começou o relacionamento amoroso com o suspeito, em junho de 2013.
"Ela disse em depoimento que deixou a casa da mãe para morar com o suspeito na casa da mãe dele, em meados de 2013, e lá começou o cárcere, quando ele saia para trabalhar, a deixava trancada em casa. Depois a situação continuou, quando vítima e suspeito foram morar na mesma casa onde o homem morava com a esposa e outros filhos, até dois dias atrás", explicou o delegado.
Ainda conforme Lauretto, a vítima disse que apanhou por diversas vezes do suspeito e que só era procurada por ele quando ele iria alimentá-la. "Vamos aguardar que essa pessoa se apresente e vamos apurar a responsabilidade de todas as pessoas envolvidas e saber o porquê dessa mulher não ter denunciado ou impedido essa situação", afirmou.
A polícia deve ouvir pelo menos oito pessoas, entre familiares da vítima, a esposa do suspeito e vizinhos do casal. Conforme Lauretto, em conversa informal com os vizinhos, eles disseram que percebiam que a moça só de casa acompanhada pelo suspeito.
Falsidade ideológica
A vítima também disse a polícia que descobriu há poucos meses que o suspeito usava nome falso. "Segundo a vítima, quando ela o conheceu, e até mesmo quando o filho do casal nasceu o suspeito se utilizava de um nome, e há poucos meses ela ficou sabendo o verdadeiro nome dele", explicou.
Caso
O caso aconteceu na noite de segunda-feira (18) e foi registrado pela polícia nesta terça-feira (18). A adolescente foi resgatada pela Polícia Militar (PM) em casa, no bairro Guanandi, região sul da cidade, horas depois da denúncia e está sob cuidados de familiares. O suspeito não foi encontrado na residência e até a publicação desta reportagem não havia sido preso, segundo a polícia.
Portões trancados
De acordo com o delegado, a vítima morava em uma edícula, nos fundos da residência onde o suspeito morava com a esposa e outros filhos.
"Pelo local que ela [vítima] nos indicou, e que nós estivemos, realmente é possível que tenha havido sim [cárcere privado] porque ela ficava em um compartimento localizado aos fundos do terreno em que ele é guarnecido por dois porta-cadeados que são fechados pelo lado de fora. Então, é muito coerente com a versão dela", afirmou, dizendo ainda que segundo a vítima, o suspeito saia para trabalhar e a deixava trancada em casa com a criança.
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