quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Especialistas criticam o uso da comédia nos programas eleitorais


jesus
A campanha eleitoral no rádio e na televisão mal entrou na segunda semana, e os candidatos engraçadinhos e caricatos brotam por todos os cantos. Cheios de piadinhas, trocadilhos e propostas “diferentes”, eles arrancam votos e gargalhadas dos eleitores. “Bota um da massa na Câmara”, brinca Lucas Oliveira, que concorre a deputado federal pelo PSDB de Santa Catarina. Ele se apresenta como Presidente THC. Mas não é o único. Subcelebridades, representantes do inferno, filhos de Deus, cinco sósias do Barack Obama e seu arqui-inimigo, Bin Laden, têm seus 15 segundos de fama durante a propaganda eleitoral.

Para o especialista em direito eleitoral Dyogo Crossara, há um grande interesse em transformar o horário político em programa de humor. “Tiririca conseguiu se eleger arrecadando o voto de protesto daqueles que estão desencantados com a política. Mais de 1,4 milhão de eleitores cooptados pelo artifício da comédia”, avalia Erick Pereira, que tem doutorado em direito constitucional pela PUC-SP. “O candidato que faz isso está brincando com o dinheiro da população, porque o horário não é gratuito como se pensa, tem um custo muito alto para os cidadãos. As emissoras são concessões públicas com isenções tributárias. Só é gratuito para os partidos e os candidatos, quem paga a conta é o contribuinte.”
Pereira acredita que outro aspecto preocupante da espetacularização do horário eleitoral é que o modelo jocoso fere o direito constitucional à informação. Segundo ele, as plataformas citadas pelos candidatos precisam ser verdadeiras, pois a propaganda eleitoral tem como base o direito fundamental à informação. “Tanto esse direito quanto a onerosidade do horário não suportam a comédia, a notícia inverídica ou propostas mirabolantes. É um comportamento que ofende essas premissas.”
Fonte: Robson Pires 

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