Estudo realizado por alunas do curso de Ciências Biomédicas da Veris Faculdades, em Campinas, SP, revela que o uso contínuo de contraceptivos orais pode elevar os riscos de doenças do coração, como o infarto do miocárdio. Concluída no final do ano passado, a pesquisa foi feita com 40 mulheres, entre 18 e 49 anos, divididas em dois grupos: um com usuárias da pílula há mais de dois anos e outro com pessoas que já não faziam o uso do anticoncepcional há mais de cinco anos.
De acordo com a orientadora do trabalho, professora Dra. Águeda Cleofe Marques Zaratin, mesmo sendo composto por mulheres mais jovens, o grupo das usuárias da pílula apresentou níveis de LDL, o famoso colesterol ruim, mais elevados comparado com o outro grupo. “Nosso estudo tinha o objetivo de medir os níveis lipídicos (de gordura) e as possíveis alterações que a composição do medicamento poderia provocar no organismo das usuárias e chegamos a este resultado. O que mais surpreende é que o grupo das mulheres que tomavam anticoncepcionais era mais jovem, com idade média de 25 anos, e foi o que mais apresentou níveis de colesterol alto. Ou seja, para riscos de infarto, o anticoncepcional pode ser um vilão maior do que a própria idade”, afirmou a professora doutora em Biologia Funcional e Molecular.
O colesterol total também foi mais alto nas usuárias da pílula. “O colesterol total pode ser dividido em três frações: VLDL, LDL (ruim colesterol) e HDL (bom colesterol). Analisamos em frações, porque só o colesterol total aumentado não é suficiente para indicar as doenças do coração. Mesmo assim o colesterol total foi alto no grupo das mulheres que tomavam o anticoncepcional”, esclareceu a professora.
Ela explicou ainda que os novos contraceptivos orais, chamados também de última geração, já são fabricados com uma composição voltada mais para benefícios que riscos, porém o uso ainda é baixo no Brasil pelo seu alto custo. “Os (anticoncepcionais) de última geração causam menos efeitos no organismo, mas infelizmente as brasileiras ainda fazem o uso dos de segunda e terceira geração, que possuem efeitos mais prejudiciais e, por isso, podem potencializar os riscos”, disse.
Águeda reforça que o risco é ainda mais agravante em mulheres obesas, sedentárias, com antecedentes de doenças coronarianas na família, fumantes e que sofrem de pressão alta. “A saúde só irá se agravar para quem se enquadra no perfil e ainda usa pílulas anticoncepcionais”, alertou a docente.
Vale ressaltar que a pesquisa tratou-se de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Ciências Biomédicas das alunas Ariadne Bianca de Almeida Freire, Tamiris Bianchini Carnevalli e Thais Silva Silveira, e levou em consideração a alimentação, o peso, a altura e a pressão arterial dos dois grupos de mulheres voluntárias, por meio de questionário e exames antropométricos, mas não foram detectadas alterações relevantes.
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