No carnaval de 1990, Aylson Bessa Cavalcante, um jovem cearense estudante de Ciências Econômicas da Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN) – Mossoró, trocava os festejos carnavalescos por um retiro na Serra do Lima, Santuário de Nossa Senhora dos Impossíveis. Como sua avó materna tinha falecido a pouco tempo ele trocou o carnaval, que ele nunca perdia de brincar, pela calma e oração com um grupo ligado ao Cursilho de Cristandade de Mossoró. Foi um começo de uma transformação interior. Foi preciso “subir a montanha com Nossa Senhora dos impossíveis” para escutar a voz, o chamado de Deus. Na descida da serra ele já não tinha os mesmos planos de vida de antes.
Aos poucos sua rotina foi mudando. Nos intervalos dos trabalhos (trabalhava numa financeira e na VASP) ia para Igreja do Coração de Jesus rezar o terço, ler a Palavra de Deus e fazer Adoração ao Santíssimo. As noites da faculdade eram divididas com as reuniões na Comunidade Católica Shekiná. Aos poucos a comunidade foi crescendo, aumentando os trabalhos e a responsabilidade, o tempo e os desafios iam provando que se tratava mesmo de uma “obra de Deus”. Também foram de grande importância as confissões e direção espiritual com o Monsenhor Humberto e suas missas cedinho na Catedral de Santa Luzia em Mossoró.
Conhecendo a vida de São Francisco, ele foi descobrindo aos poucos a sua vocação, o seu amor à Igreja. Em um acampamento da Comunidade Shalom em Fortaleza sentiu o desejo forte de “deixar tudo e seguir a Jesus”. No final do encontro deu testemunho diante de mais de mil jovens afirmando que estava pronto “deixar tudo!”.
Voltando do acampamento, um jovem da comunidade Shekiná teve que ser cirurgiado com urgência, Bessa passou a noite no hospital acompanhando este amigo. Aquela noite ele passou refletindo, conversando com Deus e quando o sol nascia, nascia junto a decisão de deixar tudo e seguir Jesus, de atender ao apelo de Cristo: “Vem e Segue-me” (Mt 19,21).
Em 1992, deixa a faculdade, o trabalho, a comunidade Shekiná, os amigos, a família… um sonho do passado… e dá um novo passo para novo projeto de vida: Seguir a Cristo no Sacerdócio.
Naquele ano faz sua primeira viagem “missionária” de ônibus, atravesando quase todo o imenso território brasileiro. Depois de 3 dias chega na pequena cidade de Rio Negrinho (SC), uma longa viagem de muita oração e reflexão. Passa um ano no seminário São José de Rio Negrinho (Dos Padres do Sagrado Coração de Jesus), fazendo trabalhos pastorais na cidade de São Bento do Sul (SC). No ano seguinte se muda para Curitiba (PR), onde entra na Filosofia e ajuda na Casa de Retiro Mossunguê nos retiros da Irmãs Mensageiras do Amor Divino (RAD). Depois do primeiro ano de Filosofia é convidado pelo conselho a ser transferido para diocese de Fortaleza, visto que, o padre diocesano deveria ficar perto da sua família, segundo a decisão e orientação do conselho. Em Curitiba fez o primeiro ano de Filosofia no Instituto Ucraniano São Basílio.
Volta para Fortaleza e passa dois anos fora do seminário, trabalhando na editoria de interior de um jornal local. Neste período ajuda sua prima Sônia e sua equipe no apostolado do Instituto do Câncer de Fortaleza e o jovem casal César Lopes e Ana Alice no Projeto Mão Amiga que atendia menores de rua.
Ainda quando morava em Curitiba, conheceu os padres Cavanis, uma família religiosa que nasceu em Veneza (Itália) no ano de 1802 com o objetivo de educar crianças e jovens pobres, um serviço prestado à Igreja que continua dando frutos por várias partes do mundo. Em 1999 faz pedido e é aceito nesta Congregação e enviado para Uberlândia, onde reside na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe. Passa seis meses em Uberlândia com o padre Edoardo Ferrari (italiano de Trento). Ali se forma uma amizade sólida de testemunho de vida e trabalho pela Igreja.
Em 2000 segue para cidade de Ponta Grossa (PR) para fazer o noviciado – ano de oração, vida comunitária, auto-conhecimento, experiência forte e profunda com Deus. Em janeiro de 2001 faz os primeiros votos – pobreza, castidade e obediência, naquele mesmo ano retorna a Uberlândia para fazer comunidade com o padre Edoardo, e ajudá-lo nos trabalhos da paróquia e também para concluir os estudos de filosofia na Faculdade Católica João Paulo II. Durante este tempo de filosofia, com apoio do padre Edoardo e dos superiores da congregação, inicia vários projetos sociais junto com a comunidade. Nasce também um personagem querido e apoiado pela comunidade, João “o Palhaço Cidadão, tudo pela Educação”. Com um carro de catador de lixo reciclável, ele andava pelos bairros recolhendo das ruas e das casas todo material reciclado e com a venda deste material comprava caderno, lápis, livros, e lanches para as crianças que ocupavam a capela São Francisco, que durante toda a semana se transformava numa grande sala de aula, onde adolescentes e jovens, junto com o já conhecido Irmão Bessa, davam aulas de reforço escolar e cidadania, além de atividades artísticas e culturais. O trabalho ficou muito conhecido com as matérias publicadas nos jornais de Minas Gerais e nas emissoras de TV. Aos poucos muitas pessoas reconheciam e apoiavam o trabalho do Irmão Bessa. Foram várias campanhas idealizadas por ele, juntamente com a comunidade: Projeto Mini-Cidadão, Campanha Matemática da Paz, Campanha de Prevenção ao Câncer de Mama, Campanha de Visita as famílias com crianças fora da escola, Campanha de Conscientização Política, Projeto pelo Meio Ambiente, e tantos outros que foram nascendo ao longo da caminhada do trabalho social. Destes projetos nasceu o Centro Educacional Cristina Cavais, que hoje atende crianças e adolescentes nos períodos da manhã e tarde com reforço escolar, almoço, lanche, e vários projetos artísticos e culturais.
Em 2001, irmão Bessa é transferido para Itália e ingressa na Pontifícia Universidade Lateranense para cursar o primeiro ano de Teologia e também na Universidade Urbaniana para o curso de Missiologia. Neste período faz trabalhos pastorais na paróquia de São Marcelino e Pedro, visitando os doentes, fazendo bênçãos das famílias e ajudando na catequese e no Colégio da Sagrada Família em Roma. Ainda na Itália fez missão na cidade de Riolo Terme (vizinho a Imola) com um grupo de escoteiros.
No ano seguinte, 2002, foi enviado para Missões nas Filipinas. Nos primeiros meses se dedicou integralmente ao estudo da língua cebuano, língua falada na ilha de Davao, onde estava residindo. Também neste período estuda inglês para ingressar na faculdade de teologia de Davao. Na cidade de Tagum inicia uma escola de futebol com os alunos de um colégio da congregação, esporte este pouco conhecido naquele país, onde predomina o basquete e o vôlei.
Naquele mesmo ano é transferido para o Seminário de Tibungho – cidade próxima de Tagum, mas continua aos sábados a escolinha de futebol.
Em Tibungho inicia um trabalho social com as crianças e jovens da região. Aos poucos iam chegando mais e mais participantes, além de muitos pais que também se faziam presentes. Tudo começou com uma escolinha de futebol e uma de vôlei – já que as meninas queriam participar também, e mesmo sem muita experiência em vôlei dava “aulas” seguindo manuais que encontrava na internet. Ali renasce o palhaço João, dessa vez com um novo nome, é o palhaço Higala (que quer dizer amigo em cebuano). O domingo era dia de apresentações de danças, teatros bíblicos, sorteios, e a presença do palhaço Higala que fazia a alegria da meninada e dos pais que não faltavam nenhum domingo. Tudo terminava com um delicioso lanche. Muitas vezes tinha que ser feito um rodízio de pessoas para ajudar, porque era grande o número de voluntários (como acontecia em Uberlândia), eram pessoas dispostas a ajudar nas atividades, que não tinham dinheiro para comprar o material para o lanche, para as brincadeiras, mas tinham as mãos abertas para o serviço. Deste trabalho nasceu uma casa de crianças que hoje atende a comunidade. Nas Filipinas recebeu muito apoio dos brasileiros Padre José Valdir e do leigo Valmir (Brother Valmir como todos carinhosamente o chamavam).
Com o agravamento da doença de sua querida tia Dayse (que hoje está na Casa do Pai) ele pede para voltar ao Brasil, mas para isso teria que deixar a congregação dos Padres Cavanis. Ele retorna ao Brasil, passa um tempo com a família em Fortaleza e é convidado pelo padre Edoardo a ir morar em Belo Horizonte para continuar os estudos de teologia e ajudá-lo na paróquia e na Casa da Criança Santo Antônio. Em Belo Horizonte ele fica um ano, depois retorna a Fortaleza e transfere sua faculdade. Em Fortaleza ajuda o padre Alderi na Paróquia de Messejana (Nossa Senhora da Conceição).
Na paróquia, colabora com a comunidade São João Batista e lá inicia, juntamente com pessoas da comunidade, o Projeto Mãos em Movimento, que acontecia aos sábados com atividades com crianças e adolescentes. Em Messejana também colaborou com as outras comunidades, especialmente com celebrações nas diversas comunidades paroquiais e na formação. Também teve grande importância neste período o seu engajamento no JAC (Jovens Amigos de Cristo), grupo de jovem que nasceu na comunidade São João Batista.
Em todas as suas atividades sociais, ele sempre fez questão de ressaltar que é um trabalho aberto não só para católicos, mas para qualquer pessoa que quisesse participar, um trabalho ecumênico e até inter-religioso, já que tinha a presença de pessoas de outras religiões.
Nesta nova etapa em Fortaleza, ele teve importante apoio do padre Alderi – hoje pároco de Nossa Senhora da Saúde – e do padre Daniel – pároco de Nossa Senhora da Conceição. Neste período visita a cidade de Uberlândia e é recebido pelo bispo dom José Alberto que, juntamente com o conselho presbiteral, aceita o seu pedido para ingressar na Diocese. Orientado por dom José Alberto, volta a Fortaleza para concluir os estudos de teologia. Termina a teologia no Instituto de Teologia Pastoral do Ceará (ITEP), apresentando sua monografia “Paulo e a Missão”. Fazia faculdade no período da manhã e noite, no período da tarde trabalhava numa empresa para puder pagar seus estudos.
Já Uberlândia é recebido pelo amigo padre Amauri Paixão e fica atendendo em sua Paróquia. Ali cresce sua devoção a Nossa Senhora Desatadora dos Nós, participando da equipe do Momento de Oração e Escuta.
Dom José é transferido de Uberlândia e é nomeado arcebispo de Montes Claros. Com as mudanças na diocese de Uberlândia, Bessa entra em contato com Dom José e faz o pedido para ser aceito na Arquidiocese de Montes Claros. Aceito pelo bispo e o conselho, recebe a missão de residir na cidade de Engenheiro Navarro, colaborando com o padre Antônio Alvimar e em Francisco Dumont com o bispo emérito dom Geraldo.
No dia 02 de agosto foi ordenado diácono e no dia 06 de setembro ordenado padre.
Segundo orientação do arcebispo Dom José Alberto, Padre Bessa continuou seu trabalho pastoral na frente das duas paróquias: Paróquia Santos Reis (cidade de Engenheiro Navarro-MG) e Paróquia Nossa Senhora da Conceição (cidade de Francisco Dumont-MG), e dando aulas de Missiologia na faculdade de teologia da Arquidiocese de Montes Claros.
Em 2011 o Arcebispo e Conselho deu ao padre Bessa duas novas missões: Ser Vigário na Paróquia Santa Rita (Montes Claros) e Pároco da Paróquia Santo Antônio em Itacambira. Durante esse período desenvolveu alguns trabalhos sociais na cidade de Montes Claros. Neste mesmo ano assumiu a Direção Espiritual da Fundação Sara, que cuida de crianças com câncer.
Em 25 de Fevereiro de 2012, ele assumiu uma nova Missão: Pároco da Paróquia Senhora Sant´Ana na cidade de Brasília de Minas.
Depois de um ano e 8 meses na Paróquia de Brasília de Minas, ele faz pedido ao arcebispo Dom José para ficar em Fortaleza durante dois anos acompanhando a recuperação do seu irmão que teve um AVC.
Em 2014 foi transferido pra Fortaleza(CE) onde ficou como vigário na Paróquia Nossa Senhora da Saúde no bairro Mucuripe e também ajudava na Paróquia São Francisco de Assis. Neste período ingressou na Faculdade de Jornalismo (FANOR).
Em novembro deste mesmo ano, deixa os trabalhos em Fortaleza e segue para Israel e Palestina, onde ficou até fevereiro de 2015 como voluntário em Magdala Center.
Fevereiro de 2015 volta para Montes Claros e fica como vigário da Catedral, depois o bispo o enviou para Paróquia Santa Rita, onde ficou por pouco tempo. Hoje está na Paróquia São Sebastião de Montes Claros como um dos vigários.
Além das atividades na paróquia, Padre Bessa fez faculdade de Jornalismo na Funorte e em outra faculdade faz curso de Tecnologia em Marketing; ajudou na Santa Casa todas as terças à tarde na pediatria; foi Diretor Espiritual da Fundação Sara (que cuida de crianças com câncer) e colaborou com a Pastoral de Rua (todas as terças à noite).
E no próximo dia 15 de janeiro às 19h na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores toma posse da Paróquia de Itaú-RN.
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Fonte: Site do Padre Bessa
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