No dia 7 de abril, o craque Neymar passeava pelas ruas de Barcelona, na Espanha, quando postou no Instagram um vídeo cantarolando o refrão da música “Hey, mundo”, sucesso do pagodeiro Thiaguinho:Deus deu um presente para mim,/ desde então não paro de sorrir. No mesmo dia, a 8.880 quilômetros dali, em Santos, a Delegacia da Receita Federal,
segundo documentos obtidos por ÉPOCA, iniciava o processo
15983.720066/2015-65: uma representação fiscal para fins penais. Pela
primeira vez, o jogador do Barcelona e da Seleção Brasileira passou a
merecer marcação individual da Receita e do Ministério Público Federal
(MPF). Seis dias depois, o Fisco decretava arrolamento de bens de Neymar e de seus pais.
O
arrolamento é um cartão amarelo da Receita. Tecnicamente, trata-se de
uma medida que identifica e relaciona o patrimônio do contribuinte para
pagar uma dívida com a Receita. Isso significa que parte dos bens de
Neymar e de sua família, como imóveis, carros e iate, está sob
monitoramento do Fisco. A tal representação fiscal para fins penais,
feita pelos técnicos da Receita em Santos, será analisada pelo MPF. A
Receita toma essa medida quando avalia que um contribuinte, ao sonegar
impostos, também cometeu outros crimes. Nas próximas semanas, o MPF deverá apresentar denúncia criminalcontra
o pai de Neymar e empresas envolvidas na venda do ídolo brasileiro ao
Barcelona. O craque também pode ser alvo. O procurador da República
Thiago Nobre Lacerda, de Santos, suspeita de sonegação fiscal e falsidade ideológica no caso, entre possíveis outros crimes.
Em maio de 2013, o Barcelona anunciou ter desembolsado € 57 milhões (R$
188,5 milhões) para fechar a contratação de Neymar por cinco anos. O
valor foi considerado abaixo do esperado e causou especulações no
mercado da bola – o Real Madrid oferecera € 150 milhões,
quase o triplo da proposta do clube catalão. Após investigação do
Ministério Público da Espanha, veio à tona uma manobra do Barcelona para
evitar o pagamento de impostos na compra dos direitos do craque
brasileiro. Ficou comprovado que, na verdade, Neymar custou66% a mais do que fora anunciado – € 86,2 milhões (R$ 284,5 milhões),
o que o tornou a contratação mais cara da história do futebol naquele
momento. O olé do Barcelona na Receita espanhola consistia em parcelar e
dividir o valor total pago pelo ex-atacante do Santos em diversas
empresas e em contratos de prestação de serviço. Dessa forma, R$ 132
milhões foram destinados à empresa N & N Consultoria Esportiva e
Empresarial, administrada pelo pai de Neymar; R$ 56,5 milhões ao Santos;
R$ 33 milhões ao próprio atleta; R$ 26,1 milhões para o Barcelona ter
prioridade na contratação de outras três promessas do clube paulista; e
R$ 8,2 milhões para o Instituto Neymar Jr., entre outros custos. Após o
escândalo, o presidente do clube na ocasião, Sandro Rosell, renunciou ao cargo em janeiro de 2014. É o cartola suspeito de ter mantido uma sociedade oculta com Ricardo Teixeira.
Fonte: Época / Blog do BG via Márcio Melo
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