sábado, 19 de fevereiro de 2011

Primeiro lugar em Medicina se diz surpreso com eliminação da UFRN

Antônio Gomes disse que vai definir junto com advogado medida a ser adotada para garantir acesso ao ensino superior; e que, se errou, não fez só.

“Fui pego de surpresa", diz Antônio Gomes

Depois da comemoração, a frustração. Aprovado em primeiro lugar no Vestibular 2011 de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Antônio Gomes da Silva Filho ficou surpreso com o anúncio de que estava desclassificado do processo seletivo por ter cometido fraude.

“Fui pego de surpresa, soube pela imprensa, pelos amigos. Até agora não fui notificado pela UFRN. Vou procurar meu advogado e saber que medida tomar”, disse o jovem, que estava cheio de expectativas para o início do curso nesta segunda-feira (21).

O comunicado de que Antônio Gomes estava fora da UFRN foi feito, em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (18), pela vice-reitora da instituição, Ângela Paiva, que falou sobre a utilização indevida do argumento de inclusão. Esse é um sistema de pontuação adicional destinado a alunos da rede pública de ensino.

Antônio terminou o ensino médio em escola particular, no entanto, para ter direito ao argumento, ele refez o ensino fundamental e médio no prazo de três meses, por meio do curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“Se não tinha direito ao argumento de inclusão, a UFRN deveria ter dito na hora que solicitei o benefício. Mas eles concederam o argumento de inclusão. Já fiz o cadastro em janeiro e a matrícula do curso em fevereiro. Se fraudei, a Secretaria de Educação também fraudou [por ter deixado repetir os estudos] e a UFRN também fraudou quando disse que eu tinha direito ao argumento de inclusão. A UFRN falhou”, afirmou.

Antônio Gomes já havia sido aprovado para os cursos de Ciências Contábeis, em 2007, e Odontologia, em 2008, ambos da UFRN. No momento da matrícula desses cursos o jovem apresentou históricos de escolas particulares, o que chamou a atenção da UFRN ao apurar denúncia feita contra ele.

“Nós lamentamos o ocorrido, até porque o candidato ficaria dentro das 100 vagas se não tivesse fraudado o certame”, disse a vice-reitora, que comunicou a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar contra o jovem. O caso também será encaminhado ao Ministério Público.
O jovem estudante tentava passar em Medicina tem três anos. Em 2010, ele estudou como bolsista parcial nos cursinhos Overdose e Lógico, além de ter virado noites sobre os livros no apartamento onde mora, em Cidade Satélite.

“Sempre quis fazer Medicina, mas não me sentia preparado, por isso, busquei o argumento de inclusão”, disse. O benifício que atrapalhou Antônio em Natal, nem fez falta na Paraíba, onde ele também prestou vestibular.

Lá, Antônio foi aprovado em 15º no Vestibular 2011 de Medicina da Universidade Federal de Campina Grande, mas não fez a matrícula, pois estava confiante de que iria cursar a UFRN. Mas a alegria da aprovação se transformou em dor.
Além de surpreso, Antônio diz que está muito constrangido. Num site de relacionamento, alguns daqueles que seriam seus futuros colegas na faculdade, agora querem expulsá-lo da comunidade. “Estou constrangido junto aos meus colegas”, disse.

Antônio é natural de Goianinha, cidade de sua mãe, que, ao saber da eliminação, veio imediatamente para Natal. “Colocamos faixas em Goianinha, comemoramos a aprovação, mesmo sem esse argumento ele passa [...]. Agora já chorei, estou constrangida, aflita, desesperada”, disse a mãe de Antônio, Edina Maria de Oliveira.

Fonte: No minuto
 



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